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Foi muito aplaudido António José Seguro (AJS) quando na sua apresentação a presidente da República disse: “Afastei-me quando podia dividir, volto agora para unir”. Uma frase simples, verdadeira e mobilizadora, que quem ouviu percebeu como uma declaração, fundamentada, de alguém que coloca o interesse nacional acima de conjunturas, tricas e ressentimentos.
Todo o país é testemunha que AJS se afastou em 2014 e que, ao contrário de tantos, à Esquerda e à Direita, não só não quis intervir como não se escondeu em intrigas, em “off”, em “fontes próximas” ou quejandos. Genuinamente, AJS não causou nenhum tipo de constrangimento às estratégias políticas do PS nem cultivou qualquer ideia de fação.
Esteve afastado da política, mas manteve-se como um referencial de coerência, de honestidade, de luta pelos seus ideais e pelas suas ideias políticas (transparência, escrutínio, construção europeia, etc.).
Foi esta verticalidade que fez com que AJS nos últimos meses tenha aparecido aos olhos de muitos portugueses como alguém com as características adequadas para ser presidente da República.
Bem sei que não se agrada a todos, e há mesmo alguns muito desagradados… ou, pelo menos, irritantemente desapontados.
O artigo de Daniel Oliveira no “Expresso” segue essa linha porque, se tem alguns pontos políticos a discutir, é sobretudo um espasmo de uma seita que professa o “todos menos o Seguro”.
É certo que o texto é um comentário, mas, a bem da verdade, há que recordar que, enquanto líder do PS, AJS nunca deixou de lutar contra o Governo Passos Coelho e a troika, contra os impactos das políticas de austeridade e a insanidade da política europeia de então (foi mesmo dos primeiros a defender as Eurobonds). Fê-lo não com posições proclamatórias, mas com iniciativas concretas para recompor a economia e restituir rendimento aos portugueses, sem colocar em causa os compromissos internacionais. Por isso, ganhou as eleições autárquicas, ganhou as eleições europeias e a partir de outubro de 2012 passou a liderar as sondagens, com scores na ordem dos 32-35%.
António José Seguro é um homem de compromissos, mas que sabe de que lado bate o coração. Os anticorpos a Seguro não virão certamente da Esquerda progressista, moderna e aberta ao Mundo. Os cidadãos reveem-se em quem está atento aos problemas e que, tendo capacidade para fazer pontes, não abdica dos seus princípios. Tem capacidade para unir, para agregar e para crescer, como a onda de apoios tem demonstrado.
*Economista, militante do PS