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Um novo ano letivo arranca por estes dias sem que se esteja a debater o que verdadeiramente interessa: como melhorar a qualidade do ensino!
Em vez de estarmos a discutir conteúdos e currículos ou qual o número ideal de alunos por turma, estamos a discutir a contagem de anos de serviço dos professores. Em vez de sabermos como melhorar as condições nas escolas de forma a acabar com essa prática decadente dos horários duplos, estamos a tentar perceber como minimizar os estragos de mais um ano que começa sem todos os professores colocados e ensombrado por previsíveis e constantes interrupções causadas pelas greves.
Durante anos Portugal lutou pela escolarização. Questões de base, como o trabalho infantil e o abandono escolar já não dominam as preocupações, mas o caminho a percorrer continua muito longo, sobretudo ao nível da qualidade. Não basta distribuir computadores pelos alunos e instalar quadros eletrónicos em todas as salas de aula.
É verdade que muito mudou e também houve saltos positivos. Mas um fosso enorme permanece no acesso a boas condições de ensino. A diferença entre o privado e o público é cada vez mais notória. E o preenchimento dessa lacuna é o caminho a trilhar num futuro que deve ser cada vez mais próximo: o ensino público não pode ser em caso algum uma imposição a quem não consegue pagar por melhores condições.
A bitola deve ser estabelecida pela escola pública. Professores colocados a tempo e horas, escolas com cada vez melhores condições, um nível de exigência que não seja constantemente relegado para segundo plano com desculpas de que tudo está mal.
Em vez de evolução, muitas vezes parece que o caminho que está a ser trilhado segue na direção contrária!