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De vez em quando recebemos sinais. Uma espécie de aviso antecipado de acontecimentos futuros. Sinais de que mais tarde nos vamos recordar e fazer pensar por que motivo não aproveitámos esse momento para corrigir o desfecho anunciado.
Este fim de semana recebemos um desses sinais: as universidade e politécnicos longe das grandes cidades do Litoral continuam a perder alunos. Em alguns casos é apenas uma redução de 2%, noutros um pouco mais. Mas o caminho vem de trás e prossegue enquanto olhamos para o lado. A diminuição é quase irrelevante e até já nos habituamos - diria até que nos resignamos - às notícias do Interior a perder serviços e população. Encolhemos os ombros e continuamos entretidos a comentar a média de entrada no curso de Engenharia Aeroespacial ou o número de colocados em Medicina que, dificilmente, alguma vez irão trabalhar nas regiões que tanto precisam de médicos.
Um dia, daqui a alguns anos - talvez menos do que pensamos hoje -, assistiremos aos lamentos dos responsáveis do Politécnico de Bragança ou da Universidade de Évora, reduzidos a um número mínimo de alunos e sem massa crítica para dar a volta ao problema. Nessa altura, surgirão planos governamentais para captar alunos para o Interior, acompanhados dos habituais auxílios e lamentos inconsequentes.
É com orgulho que assistimos à criação de novos cursos e os sabemos adaptados à nova realidade tecnológica. Mas, na verdade, não é o Porto nem Lisboa que precisa dessa inovação e de tudo o que lhe está associado.
Já agora, também ajudava que quem escolhe ir para os politécnicos e universidades do Interior consiga ter alojamento acessível e sem preços inflacionados. Nenhuma família de recursos médios consegue manter um filho a estudar noutra cidade com tudo o que isso significa em termos de custos. Bastava uma resposta a este problema e talvez a redução de alunos nessas zonas fosse bem menor do que é.