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Há coisas difíceis de explicar. Observando os resultados das eleições europeias e até, porque não, toda a movimentação que vai conduzir à escolha do próximo presidente dos Estados Unidos, vemos um futuro estranho. Junta-se a esta amálgama política o Governo russo e o estado de muitos outros países mais ou menos distantes, e a leitura é cada vez mais complicada.
A Europa, cada vez mais afastada do seu projeto unificador, está como grande parte do Mundo numa encruzilhada. Depois de perder as referências que lhe permitiram sonhar com um futuro pacífico e de desenvolvimento conjunto, consequência das guerras de séculos que se intensificaram no século XX, as escolhas são hoje muito mais extremistas e, sobretudo, pouco dialogantes.
Talvez os resultados das eleições europeias em Portugal tenham sido mais equilibrados do que se supunha, mas em vários outros países, como a França e a Áustria, por exemplo, fazem-nos temer um caminho de intensificação dos extremismos, seja à Esquerda seja à Direita, que nos retiram o otimismo que sempre acompanhou o projeto da União Europeia.
O mesmo acontece quando avaliamos a situação noutros países, já que em muitas situações se torna impossível perceber qual o rumo seguido e, em particular, se o objetivo pretendido não é apenas intensificar os conflitos. Como será um futuro com Trump ou com Marine Le Pen? Estabilidade é uma palavra que dificilmente fará parte de qualquer previsão.
Em Portugal, persiste algum equilíbrio, e os resultados do passado fim de semana confirmam-no, mas os sinais de uma polarização estão lá. Em vez do debate de ideias, há uma antagonização de posições e uma gritante falta de capacidade de diálogo. Resta saber se esse extremar de posições nos vai permitir, finalmente, recuperar o equilíbrio ou se nos vai encaminhar no mesmo sentido dos países e dos exemplos que nos rodeiam.