<p>Cinco hospitais da Região Norte - São João, Santo António, Vila Real, Gaia e Braga - vão ser os primeiros a avançar com a Via Verde do Trauma, uma organização reclamada há anos para acudir às vítimas de acidentes, mas que tarda em avançar. </p>
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A notícia de que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte pretende avançar, em breve, com a experiência-piloto de Vias Verdes do Trauma em cinco hospitais da região, foi avançada ontem por Miguel Oliveira, da Direcção-Geral da Saúde, no 1º Congresso Nacional de Emergência Médica, que hoje termina no Centro de Congressos do Estoril.
Ao JN, o médico explicou que a definição deste protocolo - que, à semelhança do que já sucede com os acidentes vasculares cerebrais e com o enfarte agudo do miocárdio, vai definir os procedimentos a seguir quando são recebidas vítimas de acidentes nas urgências dos hospitais - está apenas dependente de um último parecer da Ordem dos Médicos, e deverá avançar até Novembro.
De acordo com o médico, a intenção de criar as Via Verde do Trauma deve-se ao "reconhecimento da necessidade de melhorar" a resposta nos hospitais às vítimas de acidentes, um dos temas em discussão no congresso.
Jorge Mineiro, professor de ortopedia e traumatologia na Faculdade de Medicina de Lisboa, apresentou um estudo preliminar sobre as causas de morte em Portugal e chegou à conclusão que, 14 anos depois do primeiro levantamento, não há grandes melhorias em relação às vítimas de trauma: 47% continuam a morrer nas primeiras seis horas após o acidente e 30% das mortes correspondem a pessoas com índices de gravidade baixos, situação que considera "decepcionante". "Não estamos a conseguir melhorar este score".
Paulo Freitas, director no Hospital Fernando da Fonseca, reconhece que "algo vai mal no sistema de saúde" e que "a criação das Via Verde do Trauma é uma decisão política que tem de ser tomada com urgência". De acordo com o médico, "em Portugal existem 84 pontos de urgência oficiais e, a maior parte deles, não tem condições para receber traumatizado". Os especialistas defendem que a rede nacional de trauma deverá ter cerca de 30 pontos e definir exactamente quem faz o quê nas equipas de socorro.