Câmara de Bragança abriu concurso e ofereceu estadia a quatro famílias durante 30 dias. Teletrabalho no meio da natureza está a encantar os "novos povoadores".
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Fascinados com a possibilidade de escutar o silêncio em Rio de Onor, Chiara Pussetti e Hugo Carosa, de Lisboa, estão há quatro dias a organizar-se numa rotina mais calma, saboreando a paz da aldeia, onde se vive devagar. Fixaram ali residência por um mês, depois de terem sido selecionados com outras três famílias no concurso Bragança - Liberdade para Recomeçar, lançado pela Câmara, para promover o concelho, pagando estadia a quem quisesse experimentar ali viver.
A ausência de poluição acústica está a agradar sobremaneira ao casal, ela antropóloga do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e ele produtor audiovisual. Trabalham online sossegadamente na casa junto ao rio, arrendada pelo município, com a natureza ao alcance da mão. Chiara e Hugo já conhecem a vizinhança.
O casal aderiu à iniciativa da Autarquia que convidava a passar um mês no concelho, com tudo pago, propondo uma reorganização do quotidiano em função de um contexto menos urbano.
São novos povoadores por 30 dias. Fizeram uma pausa na vida habitual. A Bragança, rumaram ainda do Porto Ivo Pereira e Rita, jornalista e assessora de Comunicação, a viver junto ao Fervença; dois produtores criativos de vídeo e fotografia de Lisboa, Maria Freitas e Frederick Flade, alojados num pombal em Santa Comba de Rossas. Um fotógrafo e uma instrutora de ioga online, Mário Cunha e Diana Carneiro, mais a filha, o cão e o gato, fizeram as malas em Gaia e acabaram em Montesinho.
Após o confinamento, estão sedentos de contacto com a natureza, de liberdade e dispostos a experimentar viver num ambiente desconhecido, mas continuando a trabalhar, remotamente. Chiara e Hugo querem aumentar o nível de bem-estar biopsíquicossocial. "A covid-19 levou todos a repensar sobre o que é a qualidade de vida no quotidiano e os projetos de vida. Devemos criar estratégias alternativas de vida e sair do ambiente urbano para repovoar zonas abandonadas ou pensar em estratégias de convivência mais comunitária", explicou Chiara.
Nómadas digitais
Nómadas digitais, Maria e Frederick gostam de conhecer novas terras. Se pudessem, mudavam todos os meses. "Somos freelancers, o que permite trabalhar em qualquer local", explica Maria, que acredita que um mês dá para perceber como se vive em Bragança. "No primeiro dia, plantei uma árvore, algo que nunca tinha feito. Já estou a conectar com a natureza e a ter novos estímulos", afirma. O alemão Frederick quer "explorar Portugal de lés a lés" para futuros trabalhos para a revista "Cultourista". "A iniciativa da Câmara é inteligente, porque vem numa altura em que muitos estão em teletrabalho e é mais fácil dizer que sim", referiu Maria.
Depois de uma aula de ioga online, Diana Carneiro grelhava o peixe para o almoço sem correrias, em Montesinho. "Durmo tão bem aqui", confessa. O marido, Mário Cunha, está encantado com a montanha. A filha de quatro anos já ganhou uma terceira avó na aldeia, e vai buscar ovos à capoeira.
O casal abraçou a ideia do Município de imediato. "Vai ser um desafio", conta Mário.
Teletrabalho
Para dar a conhecer o concelho, a Câmara lançou o concurso oferecendo às famílias a estadia de um mês no concelho com tudo pago, permitindo-lhe estar em teletrabalho.
Projeto financiado
O projeto resulta de uma candidatura ao Programa de Cooperação URBACT - Find Your Greatness, financiado pela UE, que promove a implementação de ações-piloto.
Candidaturas ao concurso
As candidaturas ao concurso Bragança - Liberdade para Recomeçar decorreram durante um mês e tiveram 1879 candidatos.