Projetar o valor das peças de ourivesaria e trajes que, nesta quinta-feira, vão desfilar pelas ruas de Viana do Castelo, abre sempre um debate, pela impossibilidade de se fazer um cálculo rigoroso.
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O preço dos trajes tradicionais usados nas Festas D'Agonia, em Viana do Castelo, varia conforme o tipo de vestimenta e antiguidade, a quantidade de ouro carregado por cada mordoma, assim como o valor por grama. Mas fazendo contas por alto, os números são sempre exorbitantes. Falar em 100 milhões de euros pode até parecer astronómico, no entanto, é um resultado a que se chega facilmente, conforme constatou o Jornal de Notícias, com contas simples e pelos mínimos.
"Eu vendo um fato rico de lavradeira por 1600 euros. Dependendo do tipo de avental, pode ser 1400 ou 1500. Os fatos de mordoma há desde 1300 ou 1400, mas, por exemplo, tenho ali um de noiva riquíssimo, que custa 2500 euros", indica Conceição Pimenta da Casa Sandra, aberta ao público, na cidade de Viana do Castelo, há cerca de 65 anos.
Tendo em conta os valores apresentados por Conceição, que, nesta altura do ano, não tem mãos a medir com o entra e sai da loja, e também o atual preço do ouro, 92,19 euros o grama [informação Deco Proteste para 12 de agosto de 2025], pode calcular-se um montante de referência para o que desfila todos os anos na rua com as mordomas.
Em trajes, contas pelo mínimo, cada um a custar cerca de 1600 euros, a multiplicar por mil, dá como resultado 1,6 milhões de euros. E somando o ouro, supondo como é referido localmente que cada mulher leva ao peito (e nas orelhas) entre "um a três quilos de ouros", a conta bate sem esforço nos 100 milhões de euros entre vestes e artigos de ourivesaria.
"Vendo de tudo, certificado, e uma coisa que vendo muito bem são os nossos trajes. Agora mais que nunca há uma procura imensa nos trajes, não só de pessoas da nossa região, mas também de gente de todo o lado. As pessoas querem, gostam e compram", afirma Conceição Pimenta, adiantando que lhe entram pela porta dentro pessoas de todos os pontos do mundo. "Estes dias tive aqui uma data de pessoa de Tóquio e - não falo inglês mas tenho aqui uma estagiária que me ajuda -, estavam encantados com a nossa terra, com tudo o que é nosso. Até me vieram as lágrimas aos olhos", revelou.