<p>Ao largo de Sagres, a empresa francesa Thaeron cultiva ostras-bebés nas profundezas do mar em gaiolas de ferro e recolhe 200 toneladas/ano. Os marinheiros dizem que é o "Viagra de Sagres", pelos poderes afrodisíacos. </p>
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As ostras são todas exportadas para França, mas o objectivo da empresa Thaeron, grupo económico que se dedica ao marisco e o exporta para toda a Europa, é em 2011 começar também a comercializar o produto no mercado algarvio.
"Em 2011 a empresa pretende não escoar tudo para França, ficando uma parte em Portugal", garante o director de produção francês, o biólogo marinho Jean-Jacques Guignard, referindo que estão a alargar a produção de ostracultura com uma variedade de ostras de Setúbal.
"Os primeiros resultados da fase experimental do projecto revelam que a ostra setubalense tem potencial", observou Jean-Jacques, lamentando, contudo, que ainda há grande dificuldade em obter essa variedade no tamanho juvenil.
Apesar de criadas em Portugal, as ostras que se desenvolvem no mar de Sagres são as "Gigas, uma variedade japonesa que os franceses introduziram, pois as ostras baptizadas pelos franceses de "les portugaises" foram quase dizimadas por um vírus perto dos anos 70 e afundou o negócio das ostras em Portugal.
Jean-Jacques Guignard diz que a Thaeron optou pela aquacultura de ostras em Sagres porque crescem mais depressa do que nos viveiros franceses da Bretanha, zona de enorme produção ostrícola.
"A qualidade de água excepcional e do plâncton (seres marinhos microscópicos de que as ostras se alimentam), aliada à temperatura óptima para a ostra - que varia entre os 14 e os 18 graus -, e o método em mar aberto permite à ostra juvenil crescer mais em seis meses do que durante um ano e meio em viveiros na Bretanha", afiança o biólogo marinho francês.
Todos os dias a tripulação da "Gigas", uma velha embarcação francesa comandada pelo mestre Manuel Candeias e pelo ostricultor Jean-Jacques Guignard, patrulha os nove hectares em mar para verificar se as ostras enjauladas sobrevivem com saúde à ondulação marítima.
O tripulante mais jovem da "Gigas", o operador de grua Virgílio Dias conta que a faina da ostra é "muito diferente" da pesca tradicional. "É um trabalho igualmente muito pesado devido às gaiolas de ferro e duro pelas condições meteorológicas, muitas vezes adversas". * Agência Lusa