Empresa municipal já não vai demolir torre no bairro de Santa Tecla para dar lugar a 30 apartamentos. Está previsto um investimento superior a meio milhão de euros.
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"Sempre sonhei que a torre não ia abaixo e o meu sonho foi cumprido. Dada a lista de espera, iam demolir 30 apartamentos? Eu não conseguia entender". Foi com regozijo que Filipe Maia, porta-voz dos moradores do bairro de Santa Tecla, em Braga, recebeu a notícia de que o bloco 2 daquele complexo habitacional já não iria ser demolido, como estava previsto no projeto de requalificação da BragaHabit. Em vez disso, a empresa municipal vai, também, reabilitá-lo para ali reinstalar 30 famílias. Ao todo, o concelho tem 320 agregados à espera de uma habitação social.
"Quem procura casa são pessoas que estavam em situações de arrendamento no mercado livre e estão a ser alvo de situações de despejo. Temos, também, pessoas provenientes dos bairros que procuram autonomizar-se do seu agregado familiar. Já estão em situações de sobrelotação", descreve o administrador da BragaHabit, Carlos Videira, lembrando que os pedidos de habitação social são, apenas, uma parte dos apoios que a empresa tem dado nesta área.
No que toca ao subsídio ao arrendamento, isto é, ajuda no pagamento de rendas, só no último ano, a BragaHabit "fez 600 atribuições". "Este ano, em dois meses, tivemos 50 novos pedidos e 130 pedidos de renovação deste apoio", conta Carlos Videira, adiantando que a Autarquia reservou "um milhão de euros" para o Regime de Apoio à Habitação e a perspetiva é de reforçar a verba no próximo orçamento, além de alargar o período máximo de apoio dos beneficiários de cinco para dez anos.
Segundo o administrador, "o mais complicado", atualmente, está em conseguir manter os contratos de subarrendamento que detêm, devido à especulação imobiliária. "Tínhamos 163 casas, mas já tivemos que entregar três e temos recebido vários contactos de proprietários que se opõem à renovação dos contratos. Com os serviços jurídicos, estamos a tentar atrasar esses processos ou fazer contrapropostas de rendas", esclarece.
Rendas em atraso
A empresa vive, ainda, com outra dificuldade. Até ao final do último mês, havia 124 famílias em casas da BragaHabit que se encontravam em incumprimento e deviam "cerca de 1,1 milhão de euros de rendas em atraso", contabiliza Carlos Videira, ressalvando que a situação não tem dado lugar a despejos, "apenas em casos de ocupação abusiva". Em breve, reforça o responsável, os inquilinos terão acesso a novas modalidades de pagamento.
Para já, a empresa prepara a alteração ao projeto para o bairro de Santa Tecla. Para manter os 30 apartamentos do bloco 2, é estimado um investimento "entre 500 a 700 mil euros". As obras deverão estar concluídas em junho do próximo ano.