Os utentes do Centro de Saúde de Gondomar, que foi transformado em três unidades de saúde familiar, lamentam a localização do equipamento. O acesso faz-se por uma íngreme ladeira de dois sentidos, com carros estacionados e, lá em baixo, reina a confusão.
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Para chegar ao edifício das unidades de saúde familiar dos Sete Caminhos, Renascer e Monte Crasto, que servem 40 mil utentes, é preciso descer uma íngreme rua de dois sentidos, com carros estacionados de um lado e pedregulhos do outro. "É terrível. Quando se cruzam dois carros é muito complicado", contou Miquelina Magalhães, uma das utentes.
"Imagine que está a chover e que um dos carros, por falta de visibilidade, se despista. É um perigo, está sujeito a rolar por aqui abaixo", alertou Rosa Santos, apontando para as condições do acesso. A estreita rua não tem qualquer protecção do lado do centro - apenas uns pedregulhos que, "no Inverno, vão por ali abaixo", denunciou um outro utente, que preferiu não ser identificado.
"Isto está metido num buraco", resumiu Ademar Santos, também insatisfeito com o cenário. Junto à unidade de saúde, lá em baixo, não há local para estacionar todos os carros de quem ali vai - embora haja muito espaço, em frente, num campo ao abandono - e o pavimento oscila entre o asfalto esburacado e terra batida, em direcção a um beco. "No Inverno já vi carros a ficarem atolados", denunciou outro utente.
Acesso provisório há dez anos
O problema, assegurou Carlos Nunes, director executivo do Agrupamentos de Centros de Saúde de Gondomar, é antigo. Desde a inauguração do equipamento, no ano 2000, já lá vai uma década, que a sua localização é contestada. Daí para cá, inúmeros pedidos foram feitos no sentido de melhorar as acessibilidades.
"Desde essa altura que a Direcção Regional de Saúde do Norte anda em diligências no sentido de serem criadas as condições adequadas, tanto de acesso como de estacionamento", assegurou, ao JN, o responsável. "O terreno onde está o centro pertencia a uma urbanização que faliu, estando tudo em tribunal há anos. A Câmara entende que não pode fazer obras em terrenos que estão nesta situação", acrescentou.
No último ano - e desde que foram criadas estas unidades de saúde familiar - voltou a fazer-se pressão no sentido de melhorar os acessos, "mas a Câmara diz que não pode", afirmou Carlos Nunes.
E actual acesso, provisório, é feito pelo lado oposto ao que estava inicialmente previsto.
Ao JN, a Câmara Municipal de Gondomar limitou-se a referir que a rua de acesso à unidade de saúde deverá ser melhorada. "Está planeado proceder à sua beneficiação", assegurou fonte da Autarquia, não avançando, contudo, com um prazo para início e execução dos trabalhos.
"Muito complicado"
Enquanto isso, o desespero mantém-se. "Isto às 9 horas é impossível. Como o meu marido é cego, tenho que parar o carro aqui à frente, incomodar os outros, levá-lo lá dentro, sair, tirar daqui o carro a correr e tentar encontrar um sítio para estacionar. É mesmo muito complicado", exemplificou Miquelina Magalhães.
Em nenhum local há acesso para pessoas com deficiência. Os autocarros não descem a ladeira e se um utente de cadeira de rodas tiver que ir ao centro é obrigado a pedir boleia ou terá que competir com os carros a subir e a descer, mais os que lá estão estacionados. Além disso, a meio do percurso há uma escadaria, mas não há uma rampa, o que aumenta as dificuldades.