Luís Filipe Vieira afirma que aprendeu no Benfica "a conviver com a hipocrisia"
Luís Filipe Vieira afirma que aprendeu no Benfica "a conviver com a hipocrisia". O antigo presidente dos encarnados, que é de novo candidato, falou sobre as eleições no programa "Dois Às 10", da TVI, onde considerou que Rui Costa e João Noronha Lopes não têm capacidade para liderar o clube.
Corpo do artigo
Luís Filipe Vieira, antigo presidente e candidato às eleições do Benfica, esteve, esta terça-feira de manhã, no programa "Dois às 10", da TVI, onde falou sobre o trajeto do Benfica, a saída e o ato eleitoral que se aproxima, tendo deixado claro que a corrida sem qualquer receio, defendendo que "os sócios não têm melhor ativo".
"Vou de espírito aberto. Sei que posso pôr o Benfica na linha novamente e resolver as infraestruturas que faltavam fazer, que infelizmente não acabei: que é fechar o Seixal; fazer o colégio, o hotel e fazer a expansão do Seixal. Isso sei que consigo fazer. Desportivamente nem vale a pena falar, porque a melhor ou segunda melhor década que o Benfica teve foi liderada por mim", disse.
"Quem faz uma obra como fiz no Benfica, quando digo eu, é toda a gente, são todos em conjunto, até os próprios sócios, geramos muitas invejas. Ainda hoje estou para saber o que me sucedeu e o tempo vai-me dar razão. Ao princípio foi doloroso. Depois tive uma depressão, felizmente não estou dependente de nada, estou lúcido e independente. Tremia por todo o lado. Ter ali os jornalistas à porta, nós não podíamos abrir os estores. Eles estavam a fazer a missão deles, era desagradável. A maneira como se passou aquele enredo todo de eu ser transportado diariamente, parecia que era um prisioneiro. Vieram trazer-me a casa de metralhadora. O que é certo é que tenho a minha consciência tranquila, estou inocente. A justiça tem o seu tempo e eu estou a aguardar o tempo que seja preciso", atirou, referindo que a mágoa "já passou".
O empresário, de 76 anos, declarou, ainda, que fez tudo o que prometeu e deixou uma mágoa: "Passar pelo Estádio da Luz e vê-lo naquele estado, aquelas imagens e aqueles arcos custa-me. A grandeza do Benfica tem de ser em tudo e as cores do Benfica têm de estar sempre bem vivas. O Benfica pode não ter dinheiro para nada, mas para pintar aquilo tem de ter. Eu era muito chato nas manutenções. Sou muito rigoroso, mas não há ninguém que não diga que não sou amigo deles. A prova evidente é que a maioria dos funcionários do Benfica querem que regresse. Alguma coisa se passa...", atirou.
"Uma casa de hipocrisia"
Durante a entrevista, a relação com Rui Costa não foi esquecida: "Aprendi no Benfica a conviver com a hipocrisia. Aquilo é uma casa de hipocrisia. Eu soube viver com ela, nunca 'emprenhava pelos ouvidos', mas sabia o que se passava. O Rui Costa, logicamente, era o meu ídolo, quem estava perto de mim sabe que gostava dele. Eu sabia o que se dizia internamente do Rui Costa, o que fazia e não fazia. Sempre disse que tratava dele. Andámos e caminhámos juntos, até um determinado percurso. Na minha vida sucedeu o que sucedeu. Há um dia que tenho de sair e saí. E quando me demiti, entendi que tinha de sair para o Benfica não ser perturbado. Quando soube do discurso [de Rui Costa] senti-me profundamente desiludido. Percebi que fui muito traído e há muito traidor, nem digo os nomes deles. Sabe, ser jogador de futebol tem duas facetas: quando são ídolos e quando deixam de o ser. A traição nunca se perdoa, nem a deslealdade. Não tenho problemas de o cumprimentar, ainda agora quando o encontrei em tribunal fi-lo".
Por fim, Luís Filipe Vieira considerou que dois dos rivais à corrida não têm perfil para liderar as águias. "O Rui ou o Noronha? Nem um, nem outro. O Rui foi um grande jogador de futebol, viveu muito de imagem, mas o Benfica não vive da imagem, mas de paixão, rigor e liderança. Quem não tiver, não vale a pena ser presidente do Benfica. Se somos fracos ainda pior. Quanto ao Noronha, conheço um bocado do trajeto dele, sei que era vice-presidente do Vilarinho e quando decidimos fazer o estádio foi se embora. Isto não se aprende a ser líder", rematou.