“Não é simplesmente querer ir. Tem que se sentir, porque é a padroeira dos pescadores, que, no fundo, representa a nossa Póvoa”, explica Jasmim Correia. Aos 20 anos, ontem, realizou um sonho: ser Senhora d’Assunção na maior procissão da Póvoa de Varzim. Segue no cortejo religioso, todos os anos, “desde pequenina”.
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“Não é simplesmente querer ir. Tem que se sentir, porque é a padroeira dos pescadores, que, no fundo, representa a nossa Póvoa”, explica Jasmim Correia. Aos 20 anos, ontem, realizou um sonho: ser Senhora d’Assunção na maior procissão da Póvoa de Varzim. Segue no cortejo religioso, todos os anos, “desde pequenina”. Foi anjinho, representou o rancho e a rusga do Bairro Sul, encarnou várias personagens. Este ano, foi a figura principal e não escondeu o orgulho. A cidade encheu-se de gente de todo o país para ver o cortejo religioso.
“Esta é a festa das festas. A Lapa é a igreja mais próxima do mar e os pescadores, desde o início, se devotaram para que a Senhora d’Assunção fosse a sua guia, a sua timoneira, que cuidava dos homens no mar e das famílias que ficavam em terra”, conta o padre Nuno Rocha, que, desde 2006, é pároco da Lapa.
A devoção leva até quem está emigrado a regressar, todos os anos, para seguir na procissão. Lara Marques é um desses casos. Nasceu em França, filha de pais portugueses, naturais ali do Bairro Sul. Na família, “muitos vivem da pesca”. A avó “é muito devota” da Senhora d’Assunção e Lara, que todos os anos regressa à Póvoa de férias, vai sempre na procissão com as duas irmãs e duas primas.
A ligação à pesca faz da Senhora d’Assunção uma festa cheia de simbolismo: a maior parte dos figurantes descende da pescaria ou tem família ligada ao mar, muitos dos que carregam os dez andores são pescadores e, à passagem no porto de pesca, o andor da Senhora d’ Assunção vira-se para o mar. Os barcos da terra saúdam-na com fogo-de-artifício. Pedem-lhe “proteção e muito peixe” para mais um ano de faina.
Lista de espera
Jasmim seguia quase a fechar o cortejo. Braços abertos, dois anjinhos a ladeá-la, olhos postos no céu. Ser a Senhora exige fé e um percurso de anos a seguir na procissão. A experiência não se repete. A lista de espera é grande. Depois de lá chegar, o orgulho também. Até porque a família sempre lhe incutiu as tradições poveiras. “Se não forem os jovens a continuar, elas acabam por se perder”, disse.