O acesso à serra de Santa Luzia, em Viana do Castelo, está condicionado por causa do estado de alerta.
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A estrada principal que liga a cidade e o santuário está aberta à circulação, mas na área florestal dez pontos de acesso estão interditos, para reforçar a prevenção de incêndios. A aldeia de S. Mamede, isolada no alto da serra, está "em segurança".
O último grande incêndio que fustigou a serra e dizimou uma extensa área de floresta foi em 2010. Desde aí, o Exército passou a vigiar aquele território durante o período crítico. Este ano, militares da Escola dos serviços da Póvoa do Varzim estão no terreno, desde 15 de junho e vão ficar, pelo menos, até 30 de setembro.
Com a medida decretada pelo estado de alerta, desde domingo, os habitantes do lugar de S. Mamede, pertencente à freguesia de Areosa, são os únicos que podem circular na área florestal, mas de forma condicionada.
"Temos de circular pelo lado de Areosa. Não podemos circular por todos os sítios, mas [a interdição] é só da Pousada para cima. De resto, à volta do santuário pode-se andar", adianta António, confessando que tem seguido com atenção o que se passa no país. "Tenho visto as imagens [nas televisões], ainda há bocado deu que morreram pessoas ", contou o morador, que o "Jornal de Notícias" encontrou esta segunda-feira, ao fim do segundo dia de estado de alerta no país, sentado à porta de sua casa.
Ao cair do dia, do alto de Santa Luzia, via-se o sol a pôr-se no mar e o céu cor de laranja manchado por camadas de fumo dos incêndios. Ao redor do santuário, dezenas de turistas assistiam ao ocaso, fotografando e filmando com os telemóveis, em grupos ou solitários.
Na casa de costas voltadas para o mar, no centro do lugar, onde vivem cerca de meia centena de pessoas, António descascava batatas, tranquilo. Referiu que se sente seguro apesar de viver no coração da serra.
"Nós aqui não nos preocupa muito porque temos muita segurança. Aqui há carros para trás e para a frente, sapadores, bombeiros, polícia, a circular aqui durante o dia. Do Exército todos os dias passam, várias vezes por dia. Ainda há bocadinho passaram para baixo e são eles que costumam estar na Carreira de Tiro [existente na serra] , a não deixar passar para cima", comentou António Neves, reformado. Vive na casa onde nasceu e aonde regressou, de forma permanente, após 40 anos a residir na cidade.E já lhe aconteceu acordar com a serra pintada de negro. "Uma altura estava aqui a dormir e de manhã quando acordei, olhei para a paisagem e estava toda preta. A gente não deu por ela. Já foi há muitos anos", recordou, sublinhando que, neste momento, não tem medo porque "há mais segurança". "Aqui ao centro [do lugar, o fogo] nunca chega. Agora, há aí algumas casas encostadas ao monte e [aí] é mais perigoso", disse.
Até ao fim do estado de alerta, os acessos à serra estão interditos nas freguesias de Carreço, Afife, Outeiro, Areosa e Freixieiro de Soutelo.