Empresário em protesto pela terceira vez reclama apoios para recuperar quinta de amoras em Idanha-a-Nova.
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O empresário agrícola de Idanha-a-Nova, que trava uma luta judicial com o Estado há oito anos, começou, esta quinta-feira, pela terceira vez, uma greve de fome em frente à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. Luís Dias, que exige apoio financeiro para recuperar a sua produção de amoras destruída por uma tempestade em 2017, voltou a protestar após oito meses à espera de uma solução prometida por António Costa em janeiro. O agricultor nunca recebeu a ajuda do Estado a que tinha direito e tem prejuízos que ascendem aos quatro milhões de euros.
À chegada a São Bento para mais uma greve de fome, Luís Dias não foi bem recebido. Inicialmente, a PSP impediu-o de permanecer no jardim junto à Assembleia da República com o argumento de que estaria a 100 metros da residência do primeiro-ministro. Só depois de Luís insistir que não estaria a violar a lei, a polícia voltou atrás e autorizou-o a montar a tenda onde permanecerá até ter uma resposta do chefe de Estado. "Fico aqui até o primeiro-ministro cumprir o acordado ou acontecer o pior", disse ao JN.
O agricultor trocou vários emails com o gabinete de António Costa, nos últimos meses, tendo o chefe de gabinete do primeiro-ministro prometido uma solução "pragmática e expedita" em março. Em janeiro, o gabinete de Costa já se tinha comprometido a remeter o caso a arbitragem da provedoria de justiça, mas nada foi feito.
240 mil eurosA história remonta a 2014, mas o mais grave aconteceu em dezembro de 2017, quando a tempestade "Ana" destruiu uma parte da produção de amoras de Luís Dias e da ex-companheira. O agricultor candidatou-se a fundos europeus, tendo a reconstrução de 51 estufas sido avaliada em 240 mil euros (100 mil de investimento próprio e 140 mil de fundos europeus). O empresário fez o pedido à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, mas esta recusou-se a pagar. Recorreu da decisão e levou o caso à Provedoria de Justiça, que lhe deu razão, mas o apoio nunca foi pago.
O Ministério da Agricultura diz ao JN que "mantém o apoio, no valor de 140 mil euros", mas Luís Dias diz que quase cinco anos depois este valor já não chega para recuperar o prejuízo e pede outra solução.