Centro inovador destinado a utentes com Alzheimer e Parkinson ficará em Sanfins e terá capacidade para 58 pessoas.
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Quando o lar de idosos de Sanfins, Valpaços, começou a funcionar, em 2013, o presidente da Associação de Solidariedade Social São Pedro (ASSSP), Leonardo Batista, ficou a conhecer melhor as dificuldades deste tipo de estruturas. Nomeadamente, “as ligadas às demências” e as “dificuldades de coabitação entre os utentes que sofrem delas e os outros”. Após várias pesquisas, descobriu nos Países Baixos e na Califórnia (EUA) um modelo de alojamento para pessoas dementes. “Visitámos a unidade de Amesterdão e decidimos criar uma semelhante”, recorda.
A “aldeia” para doentes com Alzheimer e Parkinson vai abrir em julho e tem capacidade para 58 doentes. “É bastante inovadora e única deste género em Portugal”, refere Leonardo Batista. Acrescenta que “vai ter cavalos, burros, cães, peixes, pássaros, um minicentro comercial, com lojas (pronto a vestir, mercearia e farmácia, por exemplo), uma sala de música e outra ‘snoezelen’ (destinada à estimulação multissensorial do cérebro), salas de multimédia, jacuzzi, fisioterapia, ginásio, cabeleireiro, restaurante e uma horta”. O objetivo é “criar atividades para que as pessoas façam o que faziam quando tinham saúde e se sintam bem”.
Três milhões investidos
A educadora social Madalena Gonçalves é a diretora técnica da instituição. Está a criar “uma equipa multidisciplinar nas áreas da enfermagem, terapia ocupacional, assistência social, fisioterapia, terapia da fala e música”, com “elementos de várias pontos do interior Norte e Centro do país”. Segundo a responsável, serão privilegiadas as “terapias não farmacológicas porque são, talvez, as mais úteis, uma vez que têm um impacto mais positivo”. Terapia com “bonecos ‘reborn’ para cuidar, abraçar e vestir, e com animais, nomeadamente cavalos e cães”, estão já previstas.
A poucas semanas da abertura “já há inscrições” para um espaço que custou cerca de três milhões de euros. Como, inicialmente, a candidatura ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) tinha um orçamento de “1,7 milhões de euros”, para suportar o resto foi preciso recorrer à banca e a um apoio de “400 mil euros” da Câmara Municipal de Valpaços. Quando entrar em funcionamento vai elevar para “cerca de 100 trabalhadores” o quadro de pessoal da ASSSP. Atualmente são 54. “É uma forma de também criar emprego no concelho e as pessoas ficarem na terra”, nota Leonardo Batista.
Protocolos de investigação
A associação estabeleceu protocolos para a área da investigação com o Centro de Referência Estatal de Alzheimer e outras Demências de Salamanca, Espanha, e para a formação com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Está ainda a ser preparado outro com a Universidade de Aveiro.