<p>A população de Arcozelo das Maias, em Oliveira de Frades, teme o pior. E o pior, neste caso, é que os testes de ADN feitos às duas vítimas carbonizadas do acidente na A25, que permanecem por identificar no Instituto de Medicina Legal de Aveiro, confirmem tratar-se de duas das mais "queridas" filhas da terra.</p>
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"Se forem positivos, os sinos tocarão a finados. Só então acreditaremos que estão mortas", disse, ao JN, uma habitante da freguesia.
Até que haja certezas, as pessoas continuarão em permanente alerta. Esperam, ainda que a fé se vá aos poucos desvanecendo, por um mensageiro que lhes traga boas novas sobre o paradeiro de Alzira Borges e da filha Cristina. "Vinham com os netos e sobrinhos no carro que ardeu. Se a Lisa e o Alexandre estão vivos, elas também têm de estar em algum lado", diz, esperançado, outro morador.
Iam às compras sempre de táxi
António Tavares, autarca em Arcozelo das Maias, ainda parente da família, lamenta "a desgraça". "É gente muito boa. As duas senhoras, ainda desaparecidas, eram duas mães para a Lisa e para o Alexandre", testemunha.
Outro familiar afastado manifesta a sua incredulidade com o que aconteceu. "Via a mãe e a filha todos os dias. A Cristina saía para tomar café. A mãe entretinha-se com os cães. Só saíam fora da aldeia para irem às compras. Sempre de táxi", conta Luís Filipe.
A família Borges, com raízes em Arcozelo das Maias, fez fortuna no Congo. Há mais de 40 anos, fixou-se na terra natal. Tinham duas filhas: Anabela e Cristina. A primeira, professora primária, separada, morreu em Lisboa em 2006. Cristina, solteira, vivia com a mãe, viúva há vários anos.
Após a morte de Anabela Borges, os filhos Lisa e Alexandre deixaram Lisboa e partiram para a aldeia. "Fizeram aqui parte do Secundário. O Alexandre estuda agora em Coimbra e a irmã em Inglaterra. Quer subir as notas e ser médica", diz uma habitante.
Na segunda-feira, as duas mulheres regressavam de Coimbra, quando se deu o acidente na A25. "Tinham ido às compras. Era uma alegria quando os jovens estavam em casa", diz Luís Filipe.