Câmara quer criar condições hoteleiras para explorar água comcaracteristicas únicas em Portugal.
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As Termas do Vale da Mó, hoje pouco procuradas, podem ganhar dimensão com o projecto da autarquia que pretende erguer uma aldeia turística para potenciar uma água medicinal única em Portugal e rara no mundo.
A Câmara Municipal de Anadia pretende construir uma aldeia termal no Vale da Mó, tendo já candidatado o projecto ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), no valor de 15 milhões de euros. É um projecto que pretende envolver as termas em toda a aldeia do Vale da Mó.
As termas de Vale da Mó ficam situadas perto de Anadia, entre o Buçaco e o Caramulo. As suas águas são indicadas para o tratamento de anemias e perturbações gastro-hepáticas. Trata-se de uma água férrea que é única no património hidrológico português e apenas na Turquia existem águas semelhantes.
Jorge Sampaio, vereador da Câmara Municipal de Anadia, diz que o projecto pretende criar um conceito mais alargado de SPA, em que as águas do Vale da Mó deixarão só de ser ingeridas. "Serão criadas condições hoteleiras em toda a aldeia e pretende-se dar um outro aproveitamento às águas", afirmou ao Jornal de Notícias.
O autarca explica ainda que "o Instituto Ricardo Jorge fará um estudo mais aprofundado das águas, com a finalidade de obtermos outras utilizações termais".
O director clínico das Termas, Dinis Martins Calado, confirmou, ao JN, que as águas do Vale da Mó são muito raras a nível mundial e que são excelentes para doenças do sangue (anemias e outras por carência de ferro) e doenças gastro-hepáticas.
O médico acrescenta que após um período de abandono, as termas estão a ser revitalizadas de uma forma gradual, "há uma evolução muito lenta das termas, tal como já estávamos à espera. Se o termalismo já é complicado, imagine o que é recuperar umas termas que estiveram tantos anos abandonadas".
Dinis Calado acredita que com a requalificação do balneário e a aprovação da aldeia termal, que foi candidatada ao Quadro de Referência Estratégico Nacional, as termas evoluirão muito rapidamente. "Ficaremos com uma realidade só comparável a alguns países europeus", afirma.
Por seu lado, Jaime Maia, responsável pela gestão corrente das termas e que faz a ponte entre o corpo clínico e a Câmara, diz que "a autarquia anadiense já efectuou dois furos e está com um terceiro em ensaios".
"Ao longo de vários anos as termas estiveram encerradas, até que a autarquia de Anadia decidiu investir na sua recuperação. No ano passado tiveram cerca de 130 aquistas, mas o número terá que subir muito rapidamente para a casa dos 2000. Quantidade necessária para manter o estatuto de Termas", refere Jaime Maia.
Segundo o laboratório da Direcção-Geral de Geologia e Energia (Janeiro de 1993), a água mineral das Termas do Vale da Mó é uma água que nasce bacteriologicamente pura, sem cheiro e de sabor ligeiramente férreo.
Trata-se de uma água hipotermal, fracamente mineralizada, "moderadamente doce", mas de reacção ácida. Quimicamente, a água do Vale da Mó, tem uma elevada estabilidade sendo, do ponto de vista iónico, uma água bicarbonatada magnesiana ferruginosa.