Algés vira-se para o futuro com as novas linhas de transporte e o fim das cheias

Local terá passagens pedonais e espaços comerciais
Foto: Direitos Reservados
Duplicação da Ribeira de Algés e criação de LIOS permitirá mais qualidade de vida aos residentes e turistas. Obras custam 150 milhões de euros.
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Conhecida pela beleza ribeirinha, mas também pelo trânsito intenso, a vila de Algés vai ser alvo de uma transformação urbana para se tornar num local de estadia, em vez de passagem, com mais espaços verdes que permitirão apreciar as suas ruas mais tradicionais e o rio Tejo. O ponto de partida da mudança desta localidade de Oeiras, num esforço bipartido das câmaras de Oeiras e de Lisboa, será a implementação de um ponto de convergência de linhas de transporte coletivo com ligação rápida à capital e à Margem Sul.
O figurino será completado com a requalificação do espaço urbano, centrado na utilização pedonal e em novos espaços comerciais e, também, na reabilitação da Ribeira de Algés, o que inclui a criação de um leito maior para erradicar o fenómeno das cheias, que, há décadas, dificulta a qualidade de vida dos residentes. As obras daquela ribeira, a que se acrescentam a criação da Linha Ocidental Intermodal Sustentável (LIOS) do metro ligeiro de superfície e dos parques de estacionamento, terão um valor de, pelo menos, 150 milhões de euros e cuja comparticipação de fundos europeus determina, obrigatoriamente, a sua conclusão até 2029.
Ao JN, a vereadora da Câmara Municipal de Oeiras, Joana Baptista, explica que se trata de uma melhoria “essencial” para o futuro da vila. “Essa mudança está na rua. Vamos avançar a breve trecho, até ao fim do ano, para a duplicação da Ribeira. É uma obra falada há duas décadas, muito reivindicada, mas não podíamos avançar de forma individual. A ribeira nasce na Buraca e desagua em Lisboa, envolvendo três municípios na procura de uma solução”, concretiza. O nó foi desatado pelo atual Executivo, sob a liderança da ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, num projeto global com custos de 40 milhões de euros.
Obra pronta até 2029
Outro passo crucial será a remodelação da atual linha de transportes. “É um projeto extraordinário. Queremos ligar o LIOS com duas linhas metropolitanas para garantir uma melhor acessibilidade. É uma oportunidade única”, salienta a vereadora. A chegada do LIOS custa cem milhões, sendo pago pelas autarquias de Oeiras e de Lisboa, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e será acompanhado, no futuro, pela ligação fluvial entre Algés e Trafaria. Futuramente, terá lugar a extensão do metro de Lisboa e a quarta Travessia do Tejo. Ou seja, Algés converte-se num dos pontos centrais da rede metropolitana de transportes.
Rui Rei, presidente do Parque Tejo, empresa municipal de Oeiras dedicada à mobilidade urbana, garante que é um passo necessário. “O LIOS é um transporte rápido em sítio próprio, dá conforto e previsibilidade em relação a horários. Neste momento, os autocarros andam misturados com o transporte individual. Por isso, ou damos condições para incrementar os novos projetos ou vai estagnar”, sublinha ao JN. O programa- base daquela linha do metro ligeiro de superfície é lançado até dezembro e, no próximo ano, terá lugar o concurso de conceção e construção. A obra estará concluída em 2028 ou em 2029. Haverá um terminal único em Algés, com passagens pedonais, devidamente sinalizado e integrado para todos os transportes.
A aposta em espaços públicos é enorme. “Comprámos muitos imóveis devolutos, junto ao mercado de Algés, para a realização de obras estratégicas. Há muito tempo que queremos criar as Portas de Algés, o objetivo é demolir para abrir espaços públicos”, conclui Joana Baptista.
