A importância de alertar para questões relacionadas com as migrações e os refugiados, como o racismo ou a integração, levou uma turma do 11.º ano da Escola D. Sancho I, em Famalicão, a desenvolver várias atividades.
Corpo do artigo
O culminar do trabalho aconteceu esta sexta-feira, com uma conferência com a eurodeputada Isabel Carvalhais, sobre as "Migrações Humanas no século XXI: causas e impactos".
"Este assunto ganha ainda mais importância no momento em que estamos a viver", explicaram ao JN Cláudia Santos e Gonçalo Pereira, dois dos alunos da turma organizadora da iniciativa. "Fizemos um vídeo para alertar para o problema das migrações e dos refugiados com dados que pesquisamos e fomos percorrendo as várias turmas para sensibilizar para o assunto", acrescentaram.
Estas atividades inseriram-se no projeto de Cidadania e Desenvolvimento que os alunos do secundário têm de desenvolver.
Durante a conferência, que decorreu esta manhã, no auditório da Escola Secundária D. Sancho I, os estudantes apresentaram vários dados sobre o assunto, chamando a atenção para o valor da interculturalidade. "Os países não percebem as vantagens que isto pode trazer. Mais pessoas, mais ideias. Mais ideias, mais progresso", notaram. Mas o que acontece, avançaram, são diferenças ao nível económico, social, de género e escolar.
Também a deputada Isabel Carvalhais, independente eleita nas listas do PS, defendeu que a interculturalidade é "aprender a estar com o outro". "Tem de ser feita desde início", notou, referindo que deveria ser "mais constante".
Para Isabel Carvalhais, no domínio das migrações e dos refugiados ainda subsistem "incongruências", pelo que a solidariedade deve ser constante. Durante a sua intervenção, explicou a diferença entre um migrante e um refugiado, e fez um paralelo da atuação de alguns países relativamente aos refugiados da Síria e aos da Ucrânia. "A solidariedade digna que temos demonstrado com os ucranianos não nos deve fazer esquecer a solidariedade que devemos ter com outros povos mártires", afirmou.
Neste domínio, a eurodeputada elogiou Portugal salientando que a resposta que tem dado aos refugiados da Ucrânia tem sido "muito positiva, muito construtiva, uma verdadeira solidariedade alinhada com as decisões da Comissão Europeia".
Por outro lado, Isabel Carvalhais chamou atenção para o caso dos deslocados internos (pessoas que saíram das suas casas para outras partes do país), cujos direitos podem não ser acautelados. "Se o seu próprio Estado não os defende, o direito internacional não pode intervir, a menos que seja um caso gritante, quem os defende", questionou.
"Os direitos humanos são inalienáveis, são de todos nós, e são particularmente importantes para três grupos de pessoas - migrantes, refugiados e deslocados internos - porque são pessoas de particular vulnerabilidade", declarou.