Um grupo de alunos de Engenharia Automóvel e de Engenharia Eletrotécnica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria construiu, pela primeira vez, um carro elétrico com condução autónoma. Durante 22 meses, aplicaram os conhecimentos adquiridos nas aulas, e contaram com o apoio de empresas.
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O carro elétrico com condução autónoma, a que chamaram Voidster, vai participar, em setembro, no Formula Student Portugal, em Castelo Branco, a maior competição internacional dirigida a estudantes de engenharia de todo o Mundo.
"As exigências de construir um carro elétrico são completamente diferentes das de um carro a combustão. Errámos várias vezes, mas nunca desistimos. A curva de aprendizagem foi bastante grande", assegura Miguel Ribeiro, 24 anos, líder da Leiria Academic Racing Team. "Funcionamos como uma PME [Pequena e Média Empresa]: produzimos, testamos, e vemos se funciona", explica. "Gerimos orçamentos, prazos, e procuramos financiamento", acrescenta.
"Tudo isto dá-nos muita estaleca para quando formos recrutados para o mercado de trabalho", destaca ainda.
Os principais parceiros do projeto são empresas de moldes, de metalurgia, e de impressão 3D, às quais pedem patrocínios monetários, materiais (aço, alumínio e fibras de carbono) e serviços (maquinação, cortes a laser, soldadura e jato de água).
Projeto custou 275 mil euros
"Saímos da faculdade a saber como a indústria funciona", sublinha o mestrando em Engenharia Eletrotécnica e licenciado em Engenharia Automóvel. Este ano, o carro elétrico foi patrocinado por 92 empresas, e teve um custo de 275 mil euros. "Três a quatro vezes mais do que um carro a combustão."
"Os estudantes sabem como as coisas funcionam. O que aprendem nos cursos e o contacto que têm com as empresas dá-lhes conhecimentos para fazerem um projeto para ser fabricado pela indústria", assegura João Fonseca Pereira, docente responsável pelo Laboratório de Engenharia Automóvel, e um dos supervisores do projeto. "Apenas lhes indicamos as melhores soluções técnicas e logísticas, e evitamos que cometam erros."
Participam 47 alunos
Fonseca Pereira esclarece que, apesar de os alunos de Engenharia Automóvel terem formação em eletrotecnia e em mecânica, necessitam do apoio dos colegas dessas especialidades para "irem um bocadinho mais longe". Além disso, refere que também estiveram envolvidos estudantes de outras áreas, como Gestão.
"Aconselhei-os a integrar alunos dos TeSP [curso Técnico Superior Profissional], para não se estar sempre a começar do zero", justifica. "Antes participavam quase só os carolas do último ano", acrescenta.
A equipa é constituída ainda por estudantes de licenciatura e mestrado, num total de 47 alunos.