A GNR deteve, esta quarta-feira, o presidente da Quercus/Aveiro, João Paulo Pedrosa, quando este tentava impedir o avanço da construção da via de acesso ao Parque da Ciência e Inovação, em Ílhavo.
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Na passada segunda-feira, a associação ambientalista procedeu a um embargo extrajudicial da obra por considerar que está ilegal, mas a Câmara de Ílhavo (PSD), dona da empreitada, afirmou que não iria suspender os trabalhos.
Nos dois primeiros dias os operários estiveram ocupados com a instalação do estaleiro e esta tarde, quando começaram os trabalhos de decapagem do terreno, o dirigente da Quercus colocou-se à frente das máquinas e não deixou prosseguir a obra.
Esta ação acabou por prejudicar parcialmente o avanço da empreitada que esteve interrompida durante mais de uma hora, o que levou à intervenção da GNR que deteve o ambientalista por desobediência.
O presidente do núcleo de Aveiro da Quercus vai ser presente na quinta-feira ao tribunal de Ílhavo para julgamento sumário, informou o próprio.
Entretanto, o dirigente da Quercus também apresentou esta quarta-feira uma queixa no posto da GNR contra a autarquia e o responsável pela obra, acusando-os da prática dos crimes de desobediência, por não cumprirem o embargo, e de violação de regras urbanísticas.
A via de acesso ao PCI, com cerca de 800 metros, irá estabelecer a ligação entre a circular Norte de Ílhavo e o parque a implantar na zona da Coutada, atravessando vários terrenos agrícolas incluídos na Reserva Agrícola Nacional (RAN).
Segundo a Quercus, a obra não pode avançar, por que "a Lei da RAN não foi cumprida", nomeadamente por "não ter sido feito um estudo de localização alternativo para a via de acesso e por não haver um despacho conjunto do ministro da Agricultura e do ministro que tutela as autarquias locais".
O município, por seu lado, diz estar convencido da legalidade e regularidade formal de todo o procedimento de materialização da empreitada, lembrando que a obra mereceu pareceres favoráveis de várias entidades e obteve o reconhecimento de Relevante Interesse Publico.
A localização do parque numa área abrangida pelos concelhos de Aveiro e Ílhavo tem sido contestada por um movimento de habitantes da Coutada, que está contra a construção em solos de aptidão agrícola, criticando não terem sido estudadas alternativas.
O projeto do PCI é gerido por uma sociedade anónima liderada pela Universidade de Aveiro e que integra 11 municípios da região e empresas.
O projeto, que representa um investimento de 35 milhões de euros, dos quais 80% com financiamento europeu, prevê a construção de três polos nas áreas da ciência, experimentação e empresarial, permitindo a instalação de empresas de base tecnológica.
O plano geral aponta para a criação de 5.000 postos de trabalho diretos numa década.