Seis corporações de bombeiros pedem solução urgente à unidade de saúde de Guimarães, que se justifica com picos de afluência.
Corpo do artigo
A demora na transferência dos doentes urgentes das ambulâncias dos bombeiros para o Serviço de Urgência do hospital de Guimarães está a colocar sérios entraves à organização das corporações. As ambulâncias ficam retidas durante horas à porta da Urgência e chega a haver alturas do dia com quartéis sem viaturas disponíveis.
Anteontem, os comandantes das corporações de bombeiros pediram uma reunião de urgência ao Conselho de Administração. Os comandantes dos voluntários de Guimarães, Taipas, Fafe, Vizela, Riba de Ave e Cabeceirenses avisam que o socorro está em causa e que o problema tem de ser resolvido rapidamente, sob pena de não haver meios para acorrer a outros socorros. "Ficam sempre lá uma hora e meia, duas horas. Já cheguei a ter lá seis ambulâncias e não ter nenhuma aqui no quartel", refere Rafael Silva, comandante das Taipas.
EMERGÊNCIAS RECUSADAS
Ontem, segundo Rafael Silva, a corporação teve de recusar uma emergência que chegou via CODU: "Não fomos, porque tínhamos as ambulâncias todas no hospital". O mesmo aconteceu, na segunda-feira, com a corporação de Riba de Ave, adianta o comandante Luís Abreu: "Tive de passar quatro emergências porque tinha quatro ambulâncias presas no hospital". No mesmo dia, à tarde, a ambulância PEM de Vizela "esteve três horas à espera, até às 17.30 horas, com os bombeiros sem almoçar", conta Paulo Félix, comandante vizelense.
Ontem, às 11 horas, o JN contou 15 ambulâncias retidas à porta da Urgência. Foi assim na passada sexta-feira, anteontem e ontem, dizem os comandantes, com períodos de espera médios de cerca de uma hora e meia e alguns casos em que a demora superou as três horas.
Para os Bombeiros Cabeceirenses, a situação ganha maior relevância já que são os mais distantes, cerca de 50 quilómetros, em 40 minutos até ao hospital. "Se a ambulância estiver, como tem estado, entre uma hora e hora e meia parada em Guimarães isso, para nós, significa um serviço de mais de três horas", lamentou Duarte Ribeiro, comandante.
Fernando Rocha, enfermeiro gestor da Urgência de Guimarães, explica que a afluência "aumenta por picos" e que o hospital "tem conseguido dar uma boa resposta", mas admite que "há momentos com alguma dificuldade". O responsável concorda que as soluções têm de ser encontradas "em conjunto", no entanto adverte que esta altura já é atípica e, com a procura de doentes covid, "é atípica quase a dobrar".