A Federação Universal da Fava Amiga (FUFA) foi ontem informalmente criada durante uma almoço que reuniu mais de centena e meia de pessoas no restaurante Sete Fontes, em Cantanhede.
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Tendo como prato principal as tradicionais favas da região da Gândara, guisada com enchidos e carne de porco, há seis anos que um grupo de pessoas de diferentes associações formais a anárquicas como a Lata - Liga de Amigos das Tabernas Antigas - têm vindo a juntar-se para irem 'à fava'.
Este ano foram muitos os que se surpreenderam com a integração, por inerência, na também anárquica federação, onde todos são sócios e presidentes, a "FUFA". Foi o caso do grupo de 75 pessoas ligadas ao Movimento Artístico de Coimbra (MAC), convidados para participarem no almoço, que tinham organizado uma normal visita a Cantanhede para verem a exposição de pintura de alguns pintores seus associados, entre eles António Dores, patente na Casa da Cultura.
As senhoras pertencentes ao movimento ficaram de tal forma admiradas e honradas com o seu novo estatuto de sócias da "FUFA" que ao JN disseram apenas: "A partir de agora, nada mais nos irá surpreender. Já íamos a todas, até à fava viemos. Por isso, só nos resta continuar a participar activamente neste tipo de eventos, sem nos preocuparmos com as consequências. Estamos por tudo".
António Castelo Branco, escritor e amante da Gândara, nascido em Covões, concelho de Cantanhede, e um dos responsáveis pela organização do evento, há muito que tinha a ideia de fazer a reconstituição do ciclo da fava. "Faz parte integrante da cultura gastronómica da região. Com a colaboração da autarquia está agora feito um desdobrável que retrata todo este ciclo, com o objectivo de, sobretudo, dar a conhecer aos mais novos o ciclo deste legume", disse o sócio número um da "FUFA".
Refira-se, por curiosidade, que a fava era uma produção tão única e singular entre os gregos, que Pitágoras de Siracusa a ligava ao culto dos mortos não comendo e reprovando o seu consumo a todos os cidadãos. Mas, não era o único. S. Jerónimo proibia as freiras de consumirem favas nos conventos. Argumentava que o formato anatómico poderia levar as religiosas a terem pensamentos ou cometerem actos menos apropriados.