<p>Depois dos pais do atleta terem dado a conhecer o caso à Amnistia Internacional, a delegação portuguesa enviou uma carta ao presidente da direcção do Sport Clube Mirandela, a solicitar esclarecimentos sobre a expulsão de José Pedro Ramos, de 11 anos.</p>
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A AI considera que o facto das consequências de um assunto destas características recaírem sobre a participação de uma criança nas actividades desportivas do clube, "indica que tanto os fundamentos utilizados em relação ao castigo, como a desproporção da decisão podem encontrar-se feridas de ilegalidade perante a lei vigente e os estatutos do clube", pode ler-se na informação escrita enviada aos pais da criança. Por outro lado, em informações adquiridas através do site da Câmara Municipal de Mirandela, encontrou que, segundo os estatutos do clube, este tem por fins promover a educação física dos seus associados, desenvolver e contribuir para a sua propaganda e desenvolvimento da raça.
A delegação portuguesa da AI entende que esta declaração "pode incitar à discriminação, ao racismo e à xenofobia", considerando imperioso que esta frase seja revista e alterada, já que "afirmações desta natureza contribuem para grave vulneração dos direitos humanos".
O caso remonta a 19 de Fevereiro, quando numa reunião com a presença do presidente do clube, vários directores e alguns pais de atletas das camadas jovens, ficou decidido "excluir de toda a actividade" uma criança de 11 anos, que já vestia as cores do Mirandela há três épocas. As explicações da expulsão chegaram por escrito aos encarregados de educação onde é referido que esta medida ficou a dever-se ao facto do pai "ter falado de assuntos que só dizem respeito ao clube e tentado permanentemente iludir alguns pais de factos relacionados com a formação". A mesma carta nega que esta exclusão tenha a ver com o atraso no pagamento das mensalidades, que os pais, entretanto, liquidaram, mas sim pelo comportamento do pai do atleta.
Fátima Ramos, mãe do atleta em causa, resolveu denunciar publicamente o caso, porque ficou "perplexa" com a atitude da Direcção do clube de penalizar o filho por um suposto erro do pai.