Presidente da Câmara diz que a linha irá sobrepor-se a uma das maiores manchas vitivinícolas da região da Bairrada para reduzir "levemente" a viagem de comboio entre Lisboa e Porto
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A presidente da Câmara de Anadia, Teresa Cardoso, considera que o traçado ferroviário de alta velocidade, "um gigantesco investimento" que vai permitir "reduzir levemente" o tempo de viagem entre Lisboa e o Porto, é "prejudicial" porque a linha "irá sobrepor-se a uma das maiores manchas vitivinícolas da região, rasando mesmo projetos enoturisticos de excelência já existentes". A preocupação da autarca foi transmitida à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, durante o certame "Aqui na Bairrada", que decorreu no passado fim de semana, no Pavilhão de Desportos de Anadia.
A autarca sublinhou que este corredor ferroviário terá "um impacto muito negativo num dos setores mais importantes da economia local", salientando ainda que "a nova linha não acrescentará mesmo nada ao desenvolvimento económico do concelho", daí que, no seu entender, "o novo troço não se justifique". Teresa Cardoso avisou que o Município de Anadia e os seus órgãos "irão de viva voz manifestar-se contra este projeto, protestando contra o mesmo e exigindo soluções alternativas menos prejudiciais", adiantou a edil, reeleita por um movimento independente.
Em causa, segundo apurou o JN junto de fonte da autarquia, estão vários terrenos vitivinícolas que terão de ser destruídos para a construção da linha e algumas adegas da Bairrada, como a Quinta do Encontro, as Colinas São Lourenço ou a Adega Campolargo, que ficarão encostadas ao novo troço ferroviário.
O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), José Pedro Soares, mostrou-se igualmente preocupado com a possibilidade do traçado da linha do comboio de alta velocidade atravessar os vinhedos da Bairrada, deixando no ar a pergunta: "Faz sentido rasgarmos, mais uma vez, a nossa região para que se poupem meia dúzia de minutos entre Lisboa e o Porto?".
Ana Abrunhosa deixou a promessa de partilhar esta e outras preocupações do Município - como a transferência de competências do Governo para as autarquias, que Teresa Cardoso considerou tratar-se de um "presente pervertido" - no Conselho de Ministros.