A União de Freguesias de Anta e Guetim, no concelho de Espinho, está contra os dois traçados previstos na Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LFAV). A autarquia afirma que ambos os traçados vão ter um “forte impacto [negativo] a nível territorial”.
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Esta união de freguesias, que conta com cerca de 12 mil habitantes, enviou recentemente um documento de avaliação e pronúncia sobre a Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LFAV), onde mostra “profundo descontentamento e discordância com as soluções de traçados propostos”.
Considera “inaceitável o esforço que ambos os traçados exigem à população do seu território", já atravessado por duas autoestradas, a A29 e a A41, e que, “trouxeram uma diminuição da área útil da freguesia nas últimas décadas”.
“Não se compreende a decisão do traçado se desviar para litoral até Anta e Guetim, quando se encontra a nascente a existência de corredores livres de construções e atividades económicas. O traçado da LFAV afeta significativa e desproporcionalmente esta região em comparação com as restantes”, justifica a união de freguesias.
Como impacte negativo é referida a “destruição de habitats naturais como o Parque da Picadela, em Guetim”, conhecido e catalogado pela sua diversidade de flora e fauna com espécies únicas, assim como “o comprometimento da preservação da Ribeira do Mocho e da Ribeira da Gaiteira, tendo a primeira em andamento um projeto em parceria com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Projeto Rios”.
Do ponto de vista social, Anta e Guetim falam, ainda, na “deslocação forçada” e “perda de habitação”, assim como a destruição de património cultural, arqueológico e social.
Estará em causa o Largo e a Capela dos Altos Céus, assim como o histórico marco da Picadela e a mitológica “Pedra do Gato”, cuja perda representaria um dano "irreparável para a identidade local e a passagem junto à maior escola primária do concelho, o Centro Escolar de Anta”.
É igualmente contestada a “passagem por dois complexos desportivos e um pavilhão gimnodesportivo”, situados nesta união de freguesias.
Motivos que levam o executivo a apelar às entidades competentes para “reverem e reavaliarem as propostas de traçado, procurando alternativas que respeitem o ambiente, a comunidade local e os princípios do desenvolvimento sustentável”.