A Câmara Municipal de Mirandela e a Infraestruturas de Portugal assinam, esta sexta-feira, o contrato de comodato para que a antiga Estação Ferroviária da CP e os terrenos adjacentes passem para a alçada da autarquia, nos próximos 50 anos.
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O contrato obriga a autarquia a efetuar obras de requalificação na antiga estação e arranjo das zonas envolventes, no prazo máximo de três anos, num valor que se estima em cerca de dois milhões de euros.
A estação, construída em 1887, foi uma referência regional no transporte de mercadorias e passageiros, tendo sido o comboio, durante largas décadas, o único meio de transporte para locais mais distantes. Em dezembro de 1991, a CP encerrou o troço ferroviário entre Mirandela e Bragança, e em outubro do ano seguinte retirou o material circulante daquela estação e levou-o até Mirandela, numa operação que atraiu considerável polémica. A partir daqui, o edifício imponente em pleno centro da cidade ficou votado ao abandono sem qualquer tipo de requalificação.
A presidente da Câmara justifica esta opção, em detrimento da compra, com o facto de receber "a custo zero um edifício emblemático de elevado valor histórico e patrimonial, carregado de simbolismo, ao contrário do que estava previsto pelo executivo anterior, que tinha proposto um contrato de compra e venda, que podia passar depois para as mãos de privados". "Nós sempre dissemos que a utilização da estação e dos terrenos seria para fins públicos", diz Júlia Rodrigues.
"Para além de não termos de fazer qualquer investimento para a aquisição, vamos canalizar essas verbas para a requalificação do edifício que está em ruínas", acrescenta a autarca socialista, lembrando que a ideia é transformar aquele imóvel. "A estação passará a integrar uma casa de artes e cultura com toda a zona envolvente recuperada e transformada num corredor verde", conta.
Este cenário acontece numa altura em que está previsto que o Vale do Tua volte a ter comboio, em meados de 2020, com uma locomotiva histórica que irá puxar quatro carruagens, entre Brunheda e Mirandela, uma das componentes do plano de mobilidade como contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua.