Alfândega da Fé é o palco da Festa da Cereja até domingo, mas o mau tempo obrigada a rapidez na apanha para evitar estragos.
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A Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé, principal produtor de cereja do concelho, está a reconverter os pomares deste fruto para modo de produção biológica de forma a ir ao encontro do gosto dos clientes, cada vez mais preocupados com a saúde e o ambiente. "Já estamos no segundo ano de transição, a apostar em produtos biológicos, para fazer uma diferenciação", adianta Luís Jerónimo, presidente daquela cooperativa, que detém 30 hectares de pomares de cerejeiras.
A maior parte do fruto comercializado na Festa da Cereja&Co, que se realiza entre hoje e domingo em Alfândega da Fé, provém destas cerejeiras da cooperativa, ainda que vários pequenos e médios produtores também participem no certame.
Mesmo com uma quebra de 40% na produção deste ano, agravada nos últimos dias devido à chuva intensa, o fruto não vai faltar na Festa da Cereja, que será uma das principais rotas turísticas do Nordeste Transmontano no fim de semana. "Na cereja que amadurece mais cedo tivemos uma quebra acentuada, e a de meia estação também sofreu com a chuva das últimas semanas, porque rachou", indica o responsável, sublinhando que "haverá cereja para vender em quantidade e qualidade na feira".
O dirigente observa que num ano de produção média a cooperativa colhe 20 toneladas, mas este ano vai ficar abaixo disso.
Muitos visitantes de fora
O tempo instável, com chuva e granizo, dificultou a colheita da cereja no campo, porque obrigou a adiar a apanha, mas Luís Jerónimo está confiante que os produtores contornaram as dificuldades e que, mais uma vez, a feira será um bom momento para ajudar a escoar a produção. "A Festa da Cereja é um fim-de-semana que atrai muita gente de fora da região, vêm excursões, e, como tal, vende-se bem. Facilmente se escoam entre três a cinco toneladas ", explica o dirigente associativo.
A festa acaba por ser uma montra de cereja e outros produtos regionais, como queijos, doçaria, mel, azeite e vinho.
Quem anda numa azáfama a apanhar cereja é Gil Freixo, um produtor local, de modo a "evitar mais prejuízos devido à chuva, porque em algumas variedades as perdas são de 100%".
A apanha ainda é feita com a contratação de mão de obra local, mas o responsável da cooperativa prevê que no futuro seja necessário recorrer a empresas de prestação de serviços. "Começa a faltar gente", lamenta-se.
Como se trata de um fruto cujas principais vendas são em fresco, "a apanha é uma corrida contra o tempo, para evitar que o fruto se estrague com as trovoadas", acrescenta, frisando que "dá muito trabalho e exige muita mão de obra".
Pormenores
Quatro euros o quilo
A cereja é vendida a quatro euros o quilograma e a caixa de dois quilos a 7,5 euros. O grosso da produção local é vendido em fresco através de revendedores, em lojas específicas e na feira.
Tony Carreira
A Festa da Cereja de Alfândega da Fé é realizada há mais de três décadas, sendo a mais antiga do país. O município investe num programa de animação paralelo, com atividades desportivas e concertos, cujo cabeça de cartaz é Tony Carreira.