A organização alterou a primeira exposição pública da peça de 15 toneladas para Coimbra por falta de resposta do Município vimaranense.
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A Grã Ordem Afonsina, uma associação com sede em Guimarães e que tem por missão divulgar "o papel da vida e obra do nosso Rei Fundador", pretende fazer uma apresentação pública da nova estátua de D. Afonso Henriques. A obra, da autoria do escultor Dinis Ribeiro, foi patrocinada por três empresas de Guimarães e destina-se a ser instalada em Zamora, Espanha, nos próximos dias 29 e 30 de abril. A homenagem ao primeiro rei será feita ao abrigo de um protocolo com a Fundação Rei Afonso Henriques, uma instituição com sede partilhada entre a cidade espanhola e Bragança. A vontade dos organizadores era apresentar a obra na Cidade Berço, mas afinal o evento vai acontecer em Coimbra, por falta de reposta do Município vimaranense ao pedido.
O presidente da Grã Ordem Afonsina queixa-se que "perante a falta de resposta da Câmara de Guimarães e a adesão imediata do Município de Coimbra, vimo-nos obrigados a optar por esta cidade." O pedido da Grã Ordem Afonsina para a exposição temporária, junto à capela de Nossa Senhora da Guia, na entrada do Centro Histórico, deu entrada na Câmara Municipal no dia 1 de fevereiro, "mas até agora, apesar das várias tentativas de contacto por email, ainda não obtivemos uma resposta", esclarece Florentino Cardoso.
"Gostaríamos que a população da cidade pudesse apreciar o trabalho escultórico", lê-se no requerimento. No documento a associação revela ainda vontade de que o Município "pudesse ser parceiro nesta nossa iniciativa, tendo em conta que será a primeira escultura do nosso Rei Fundador a ser colocada em terras espanholas".
Florentino Cardoso não esconde a intenção que tinha de fazer da apresentação da estátua, em Guimarães, "um grande evento que mobilizasse a população para ir a Zamora no dia 29." A associação fretou um autocarro e tem um programa de viagem para quem quiser ir assistir à implantação da estátua na cidade espanhola. "O nosso objetivo era apresentar a estátua aqui [em Guimarães]. Fazer disto um grande momento, já a lembrar os 900 anos da Batalha de São Mamede que se assinalam em 2028 e que não podem ser uma comemoração paroquiana, têm de ser uma festa do país", aponta o presidente da Grã Ordem Afonsina. "Este podia ser o princípio de uma geminação em que as populações estivessem realmente envolvidas", diz Florentino Cardoso. A escolha da cidade de Zamora para a colocação desta estátua prende-se com a existência ali de uma fundação transfronteiriça com o nome do Conquistador e por ele se ter armado cavaleiro, na catedral daquela cidade, em 1125, quando tinha apenas 14 anos.
Coimbra aceitou de imediato
Com a aproximação da data em que a estátua tem que ser expedida para Espanha e sem resposta da Câmara de Guimarães, a Grã Ordem Afonsina procurou outros municípios com ligações ao primeiro rei de Portugal. "A Câmara de Coimbra aceitou com um telefonema, sem formalidades", assegura o organizador. É assim que no próximo dia 12, pelas 12 horas, a nova estátua de D. Afonso Henriques vai ser apresentada, na Praça das Cortes, na Cidade dos Estudantes. Outro município contactado foi o de Lisboa "que também nos recebeu muito bem
e ainda não está fora de hipótese a estátua passar pela capital, no Terreiro do Paço ou no Castelo de São Jorge, antes de seguir para Espanha", afirma Florentino Cardoso.
A escultura retratando um Afonso Henriques jovem, antes de ser rei, tem uma altura de seis metros e a pesa 15 toneladas. A peça está a ser esculpida a partir de granito da região de São Torcato, mármore de Estremoz e granito negro Angola. A imagem propriamente dita terá cerca de 4,2 metros e assentará em cima de um plinto de 1,8 metros, da autoria do arquiteto Abel Cardoso.