A carne servida nos refeitórios das escolas de Arcos de Valdevez é de uma raça autóctone e fornecida por produtores locais.
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Pelo segundo ano consecutivo, aquele município está a apostar na economia circular, promovendo o escoamento da produção local de carne de cachena e incentivando o seu consumo a partir da população escolar. É também uma forma de apoiar os criadores.
Esta quarta-feira, foram celebrados protocolos entre a câmara municipal, a Cooperativa Agrícola, o Agrupamento de Escolas e a associação de pais de Arcos de Valdevez, e a Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados, UNISELF, para dar continuidade ao fornecimento de carne, iniciado no ano letivo anterior, para ser servida nos refeitórios escolares.
A celebração dos acordos, que preveem um apoio total de mais de 60 mil euros à produção, contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, Rui Martinho, que enalteceu a iniciativa, "um excelente exemplo da articulação entre municípios, cooperativas agrícolas, associações de produtores, comunidade escolar e empresas", que permite "valorizar os nossos produtos de qualidade e o trabalho das pessoas que vivem e trabalham" em Arcos de Valdevez.
"É muito importante para nós este exemplo, porque gostávamos que fosse seguido por muitas outras regiões do país", destacou, considerando que "essa é a forma mais eficaz de garantir o desenvolvimento dos nossos territórios, juntando esforços e valorizando com isso o que temos de mais precioso".
Sublinhou ainda que a iniciativa também representa "um exemplo de valorização das cadeias curtas de produção e de assegurar uma alimentação equilibrada e de grande qualidade às crianças". "Estamos a habituar as crianças a comer produtos de alta qualidade e, portanto, vamos criar consumidores exigentes e habituados a muita qualidade. Isso é muito importante para o nosso futuro coletivo", acrescentou Rui Martinho, adiantando que iniciativas como aquela estão "em sintonia com as preocupações e objetivos políticos do Governo e do Ministério da Agricultura, nas áreas da agricultura e da alimentação".
A raça cachena é criada ao ar livre em pastoreio na alta montanha, em cotas elevadas, acima dos 800 metros. A sua carne, produzida na região da Peneda, tem denominação de origem protegida (DOP), detida pela Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.
Para João Esteves, autarca de Arcos de Valdevez, a renovação do protocolo para abastecimento das escolas de carne de cachena "é exemplo de que, às vezes, não é preciso grande investimento" para promover desenvolvimento. E considerou que aquele "modelo de economia circular", traduz "uma relação em que ganhamos todos e que pode aumentar e pode ir para outras áreas e produtos". "Estamos a falar de uns largos quilos de carne [que são fornecidos às escolas] e eu diria que poderia haver condições, mesmo do ponto de vista nacional, de fazer diretamente uma diferenciação sobre a aquisição dos produtos locais", declarou, defendendo que, para tal, é necessário "um reforço dos apoios ao setor produtivo". "Para comprar carne, temos de ter produto e produtores no território e esse foi um dos pedidos que fiz hoje ao senhor Secretário de Estado, que haja esse reforço e que se dê condições a partir da inovação", concluiu.
No seu discurso, durante a cerimónia, o autarca de Arcos de Valdevez apelou a Rui Marinho que apoie a criação de um "centro de inovação rural" dedicado à produção agropecuária, animal e de plantas aromáticas e medicinais. Um projeto que tem em vista o reaproveitamento de três antigos edifícios e uma área com 5 hectares na freguesia de Monte Redondo, que outrora serviram a produção agrícola naquele concelho. O Secretário de Estado da Agricultura respondeu positivamente quanto à cedência das instalações para o efeito e "auxílio da Direção Regional de Agricultura para concretização do projeto".