
Fogo que lavra na Galiza há vários dias entrou em Chaves em direção à aldeia transfronteiriça de Cambedo
Foto: Paulo Cunha / Lusa
O presidente da Câmara de Chaves disse que a velocidade de progressão do incêndio que entrou, esta terça-feira, no concelho, vindo de Espanha, foi "absolutamente excecional", estimando que possa ultrapassar os três mil hectares de área ardida.
Corpo do artigo
Nuno Vaz referiu que "muito provavelmente" a área ardida hoje poderá atingir os três mil a quatro mil hectares, um valor equivalente a um outro incêndio que atingiu o concelho em julho de 2022, percorrendo as mesmas aldeias, mas em sentido inverso. Em 2022, a área ardida foi de 3368 hectares.
Referiu ainda que já há alguns dias que este concelho do norte do distrito de Vila Real estava a ser ameaçado pelo incêndio que lavra na Galiza, em Espanha, e que hoje entrou no município pela zona de Cambedo.
Na segunda-feira, já tinha chegado a Vilar de Perdizes, no concelho vizinho de Montalegre. "Os que estão envolvidos no combate a este incêndio têm realçado que a velocidade a que ele progride é absolutamente assinalável", salientou o autarca.
Nuno Vaz defendeu uma "necessidade muito grande de mobilização de meios" para esta ocorrência, nomeadamente de meios aéreos "em maior quantidade e capacidade" e que possam operar na quarta-feira de manhã. "Se tivéssemos tido meios aéreos de maior capacidade e não apenas de reação inicial, porventura nós não teríamos tido uma progressão que começou em Cambedo, depois foi para Vilela Seca, seguiu para a Torre, foi ao Couto, à Agrela, Bustelo e Outeiro Seco", apontou.
As chamas chegaram também à zona empresarial de Outeiro Seco. Como a prioridade foi salvaguardar pessoas e bens, na floresta o fogo foi progredindo livremente, provocando ainda prejuízos em olivais, soutos e vinhas. Nuno Vaz apontou ainda para o impacto ambiental, turístico, humano e até afetivo.
O incêndio tinha, pelas 23 horas, três frentes ativas, uma a arder com grande intensidade, com a aldeia de Bustelo a causar mais preocupação, disse o segundo comandante sub-regional do Alto Tâmega. Bruno Sarmento referiu que os meios estão posicionados para proteção a esta localidade e acrescentou que a frente que arde com mais intensidade é a que segue para o Santuário de São Caetano, na direção do concelho de Montalegre. O comandante disse que esta vai ser uma noite de muito trabalho, tal como se perspetiva que aconteça durante todo o dia de quarta-feira. De acordo com o segundo comandante da sub-região do Alto Tâmega e Barroso, até ao momento foram atingidas três casas devolutas e um armazém agrícola.
Segundo fonte da GNR, a Autoestrada 24 está cortada ao trânsito na zona de Chaves, entre os nós de Vila Verde da Raia e do Casino, devido a um incêndio que atravessou a fronteira, já tocou várias aldeias e chegou à zona empresarial. A fonte referiu que a A24 está cortada entre os quilómetros 1 e 7, na zona do concelho de Chaves, no norte do distrito de Vila Real.
Segundo a página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), para esta ocorrência que teve início, em território nacional, às 10.25 horas de segunda-feira, em Vilar de Perdizes (Montalegre), estavam mobilizados, pelas 22.30 horas, 387 operacionais e 124 veículos.
