Defensores do ambiente pedem suspensão do corte de árvores e acusam a Câmara de Lisboa de pouca transparência.
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A Plataforma em Defesa das Árvores pediu, na segunda-feira, à Câmara de Lisboa a suspensão do abate e transplantação de 20 árvores na Praça de Espanha. Sugeriu ainda que, em vez de cortadas, estas sejam incluídas no projeto de reabilitação da Praça, em obras desde janeiro. As árvores "saudáveis" foram sinalizadas para abate esta semana e a Plataforma acusa a autarquia de o ter feito "às escondidas", sem dar esclarecimentos "exigidos por lei".
"Não encontramos no site da Câmara nenhuma autorização, que é obrigatória, sobre o abate", critica Rosa Casimiro, da Plataforma em Defesa das Árvores. A ativista ambiental recorda ainda que, no verão passado, "houve uma grande operação de transplantação de árvores saudáveis neste local". "Questionamos a Câmara, mas só depois do verão é que tornaram pública uma autorização para o abate de 40 árvores", lembra. Na lista destas 40 não constam, porém, as 20 sinalizadas agora. "Confirmamos que as árvores que estão marcadas, como os ciprestes, não constam da lista. Não há nada oficial a explicar isto", denuncia.
A Praça de Espanha entrou em obras, no início do ano, para ali nascer um novo parque urbano. A Plataforma em Defesa das Árvores enviou agora uma carta ao presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, na qual lamenta "a perversidade que é abater árvores para fazer espaços verdes" e "ainda mais em plena época de nidificação". "A Câmara diz que está a construir um espaço verde, mas não se constrói um jardim destruindo o que já existe. É profundamente condenável", critica Rosa Casimiro.
Ruth da Gama, moradora na zona, também está desconfiada das intenções da autarquia. "As obras arrancaram em janeiro. Porque é que só começaram agora a marcar as árvores para abate?", questiona. "No papel informativo que está nas árvores lê-se, de um lado, "para abate" e, do outro, "para transplante". Qual o critério? Parece que estão a esconder qualquer coisa", acusa ainda.
O grupo municipal do Partido Ecologista Os Verdes também reagiu, ao início desta tarde de terça-feira, classificando a ação como "um atentado ambiental". Os Verdes não compreendem porque é que a Câmara não disponibilizou no seu site os pré-avisos de abate das árvores nem "qualquer estudo fitossanitário". "O abate deve ser o último recurso na gestão do património arbóreo. Numa altura em que Lisboa é a Capital Verde Europeia, e tendo vindo a Câmara a salientar a importância do património arbóreo, é algo contraditório depararmo-nos com situações desta natureza", critica.
Os Verdes entregaram na terça-feira, na Assembleia Municipal, um requerimento no qual questionam a Câmara de Lisboa sobre o abate das 20 árvores. Perguntam, por exemplo, se a versão inicial do projeto de reabilitação da Praça de Espanha sofreu alterações, uma vez que os abates não estavam previstos. No passado mês de janeiro já tinham pedido um esclarecimento ao presidente da Câmara de Lisboa sobre o abate de 40 árvores na área de intervenção das obras da Praça de Espanha, mas não obteve resposta do executivo.
O JN perguntou à Câmara de Lisboa se as árvores sinalizadas estavam previstas no projeto inicial de reabilitação da Praça de Espanha e o que justifica o seu abate, e aguarda resposta.