"As pessoas estão eufóricas e a feira medieval é motivo para voltarem a sair às ruas"
Cidade de Viana do Castelo invadida horas antes da abertura de evento que decorre até domingo, com cerca de 200 mercadores e artífices.
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Horas antes da abertura da Feira Medieval, que decorre este fim de semana em Viana do Castelo, já a cidade fervilhava de gente.
Ainda alguns comerciantes estavam a instalar as suas tendas e já as ruas e algumas esplanadas estavam cheias de gente. A julgar pelo testemunho de alguns, os perto de 200 artesãos e mercadores, que segundo a organização da VianaFestas, aderiam ao evento neste regresso após o interregno da pandemia, esperam uma enchente.
"É muito bom regressar a estes eventos. O que interessa é que haja festa, porque já estávamos fartos de estar presos", comentou de cima das suas andas, Daniel Morais de 37 anos, que veio de Famalicão para animar a feira trajado de jogral. A (sua) animação começou antes da abertura oficial prevista para as 20.00 horas. "Nota-se que as pessoas estão eufóricas, querem que tudo volte ao normal e este evento é um motivo mais que agradável para voltarem a sair às ruas", referiu o figurante.
Com a montagem desta edição que começou às primeiras horas de sexta-feira, a cidade transformou-se. Principalmente, a Praça da República e ruas circundantes, até ao jardim público, foram decoradas à época, com fardos de palha, barracas de madeira e muitos elementos visuais coloridos. E foram invadidas pelos cheiros, desde a comida com os típicos porco no espeto e pão com chouriço cozido em forno de lenha, aos incensos e sabonetes. Pelos sons, com as gaitas tradicionais e música alusiva nos altifalantes, e pelos grupos de animação e comerciantes também eles envergando trajes a recriar os das gentes medievais. O misticismo está, como sempre, presente. António Xavier lê as mãos por 10 euros. "Tenho pessoas que me visitam todos os anos. Nunca julguei que levassem isto [a quiromancia] tão a sério. Deixa-me satisfeito. Ajudo. Elas desabafam muito comigo", contou.
Assuntos sérios à parte, em Viana reina a diversão
Luís Miguel da empresa 'Lu Citanea' que produz e comercializa hidromel, já estava a meio da tarde em plena época medieval. Vende "bebida dos vikings", em duas versões: cerveja de mel e hidromel. Está abastecido para vender muito, em copo, caneca ou num chifre (como os dos vikings), que custa 25 euros.
"É muito bom regressar. A Braga Romana foi o primeiro evento deste ano e foi um sucesso. Já estivemos em Torres Novas e Alhos Vedros, e também foram um sucesso. Sente-se muita adesão do público e muita fome disto", disse, contando que até agora estão "quase a duplicar as vendas" em relação a 2019. "Na Braga Romana, vendia 500 ou 600 litros, e este ano vendi mil", comentou.
Uma bebida cor de laranja de nome "Aperol", trazida de Itália por Paulo Vidinha, está a colorir a feira medieval, na esplanada da cafetaria "La Familia". "É uma bebida fresca, de verão. É um vermute que leva espumante seco e soda. Funciona muito bem como aperitivo", contou o empresário.
Para beber, convém comer e o galego José e a australiana Sara, comandam uma das barracas de pão com chouriço (e também com recheio de azeitona, nozes e passas, alho ou chocolate) da feira de Viana. Vieram de Vigo e trouxeram também a tradicional empanada galega. Estavam animados. "Já estivemos em Torre de Moncorvo e regressamos muito bem depois da pandemia. As pessoas estão com muitas ganas de comer, beber, de sair para a festa e de apanhar ar", disse José.
"É um regresso em pleno. Estamos com expetativas elevadas para esta 13ª edição. Já se vê a esta altura do dia (cerca das 16.30 horas) que há um afluxo muito significativo de pessoas, muitas delas turistas", notou Manuel Vitorino, presidente da VianaFestas e vice-presidente da Câmara de Viana.