Centro de Alto Rendimento, no Cabedelo, está a "fazer chegar o mar democraticamente à população".
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Alexandra Costa, Sandra Oliveira e Maria Gorete, utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, adultas com idades à volta de 40 anos, entram no mar de prancha na mão, sem medos. Vão acompanhadas por Paulo Santos, terapeuta da instituição, e dois monitores do Surf Clube de Viana, responsável pelo Centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo.
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Quando saem da água, as surfistas vêm alegres. Alexandra e Maria Gorete, são "experientes" a apanhar ondas e Sandra acaba de se estrear. "A experiência foi boa. Vinha com receio, mas correu bem. Gosto muito do mar. Eu e a água somos só as duas", conta a novata.
Paulo Santos enaltece o projeto SOL (Surf, Ondas e Liberdade), que já permitiu que, através daquele centro, cerca de 200 utentes com deficiência de Viana do Castelo experimentassem a modalidade. "O mar tem uma vantagem, trata toda a gente por igual. Não há diferenças", afirma, destacando o efeito "terapêutico" da experiência. "Eles sentem-se leves, livres e felizes". Esta é apenas uma das atividades do Centro situado no Cabedelo, por onde passam diariamente dezenas de praticantes, atletas e amadores, ao abrigo do programa da Câmara de Viana do Castelo "Náutica nas Escolas", que põe alunos do concelho a praticar surf, remo, canoagem e vela.
"É uma experiência extraordinária. A primeira vez que vêm, dizem: "Queremos começar a fazer [surf]"", conta a professora de Educação Física na Escola Pintor José de Brito, Teresa Ferreira, que levou um grupo de 20 a surfar.
Voluntária, através do Corpo Europeu de Solidariedade, Bárbara Lopez, de Alicante (Espanha), está no Centro de Surf como peixe na água. "Acabei o secundário e não consegui lugar na universidade. Tirei um ano sabático e vim. Aqui é perfeito: bom tempo, bons colegas, surf. Adoro o mar e Viana do Castelo, sobretudo as bolas de Berlim [do Natário]", diz.
O Centro foi inaugurado em abril de 2013, num edifício inovador, pelo revestimento em cortiça. Nasceu de uma candidatura conjunta da Autarquia e do Instituto de Desporto de Portugal. Dá apoio e formação de surf, bodyboard, windsurf e kitesurf. E a sua atividade, segundo João Zamith, presidente do Surf Club de Viana, "toca todas as faixas da população". "Somos ecléticos. Não temos só atletas de elite. Temos o projeto Náutica nas Escolas, que ocupa 70% da nossa atividade, formação desportiva, parasurf e surf adaptado, e surf para os mais velhos", descreve, concluindo: "Estamos a fazer chegar o mar democraticamente à população".
Viana possui também centros de canoagem, remo e vela (ler texto ao lado), que nasceram de uma estratégia municipal de desenvolvimento. "A nossa aposta no mar passará, sempre, pela capacitação e por elevar exponencialmente a relação Viana do Castelo e dos vianenses com o mar, convergindo para uma real literacia emocional e económica de todos e cumprindo os objetivos estabelecidos na nossa agenda para o mar 2030", afirma o presidente da Câmara, Luís Nobre.