A assembleia de credores da Soares da Costa reúne-se nesta sexta-feira, no 3.º Juízo do Tribunal do Comércio de Gaia. Representados por vários sindicatos, há centenas de trabalhadores a reclamar os seus créditos.
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Segundo um comunicado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte), “a maior construtora portuguesa dos anos 1980 deve muitos milhares de euros aos seus trabalhadores. Vários destes estão há anos sem receber salários, muitos a passar grandes dificuldades”. A nota acrescenta que alguns já faleceram e outros tiveram de “iniciar nova vida”.
Miguel Ângelo, coordenador do SITE-Norte, disse ao JN que, depois de vários pedidos, foi finalmente aceite o processo de insolvência, em meados de maio passado. O sindicato refere ainda que, “há seis meses, sem nenhuma explicação, a Soares da Costa mudou de nome e passou a Sociedade de Construções da África Austral”.
O responsável lembra que o plano especial de revitalização de 2016 “não foi cumprido” e que os funcionários, muitos com 20 e 30 anos de serviço, continuam a pagar as consequências. Para o sindicato, “este é um caso que envergonha o Estado português, os tribunais e todos os demais envolvidos”.
“Trata-se de uma empresa de referência na construção e na metalomecânica do Norte, com âmbito nacional e internacional, que chegou a este ponto devido aos desvarios da sua gestão privada, tantas vezes ovacionada por muitos que passaram depois a assobiar para o lado”, acusa ainda o SITE-Norte.
Ainda segundo Miguel Ângelo, entre os trabalhadores que reclamam créditos estão 82 representados pelo SITE-Norte e mais de 90 filiados no Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Viana do Castelo e Norte. Representados pelo Sindicato da Construção de Portugal estão neste processo cerca de 230 funcionários. Segundo Albano Ribeiro, presidente desta estrutura, estão em causa, neste caso, “70 milhões de euros”.
Fundada em 1918, a Soares da Costa foi uma das maiores construtoras portuguesas e situou-se entre as 100 mais importantes a nível mundial, com presença em países como Egito, Roménia, Venezuela, EUA ou Alemanha, além da vizinha Espanha. As dificuldades financeiras começaram a surgir em 2013 e, dois anos depois, o prejuízo operacional rondou os 57 milhões de euros.
Entre os credores está também a banca, com a Caixa Geral de Depósitos à cabeça.