Associação diz que fecho da Avenida da Liberdade pode custar 200 a 300 postos de trabalho
A associação Avenida da Liberdade, que representa as lojas, hotéis, restaurantes e serviços, estima que as mudanças no trânsito da cidade, com o fecho da avenida aos domingos e feriados, terá um enorme impacto económico em todas as áreas, provocando quebras de receitas na ordem dos 18 a 20%.
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"Com essa quebra de faturação, que levará ao encerramento de espaços ao domingo e feriados, prevê-se também um impacto ao nível do emprego, podendo levar a uma redução de 200 a 300 postos de trabalho", afirmou esta segunda-feira a associação em comunicado. "Haverá repercussões em todas as áreas, desde a hotelaria à cultura, passando pela restauração e por todos os serviços: a redução da circulação trará um impacto comercial muito grande e uma redução na atividade comercial da principal avenida de Lisboa", reafirma.
Para Pedro Mendes Leal, presidente da Associação Avenida da Liberdade, "o desenvolvimento da cidade não pode ser feito contra as pessoas que cá moram e cá trabalham. Os domingos e feriados são dos dias mais dinamizadores das salas de espetáculos, dos restaurantes, da hotelaria, das lojas e diferentes serviços. Esta decisão, tomada sem estudos e sem um diálogo com as pessoas, trará consequências para os negócios. Percentualmente falamos de uma diminuição de faturação em todos os setores de cerca de 18 a 20%".
Além disso, acrescenta, "os trabalhadores de diversos setores de atividade serão prejudicados no seu rendimento de trabalho mensal: se muitos espaços registarem quebras de atividade e tiverem de encerrar ao domingo e feriados, verão reduzido o seu rendimento, já que domingos e feriados são remunerados a valores mais altos que os dias úteis".
Na área da cultura, escreve a associação, "esta medida trará uma redução na afluência às salas de espetáculo e possivelmente uma diminuição do número de espetáculos". O turismo, em particular a hotelaria, "será prejudicado pois a logística de chegada e saída de hóspedes será mais complexa".
Para a Associação, esta medida é "inesperada e profundamente revoltante". "Não houve diálogo e em todas as áreas se prevê um impacto negativo. Aquela que é a principal Avenida de Lisboa precisa de lojas abertas, teatros cheios e hotéis a funcionar e para isso a acessibilidade é determinante", acrescenta Pedro Mendes Leal.
Recordando que na Avenida da Liberdade estão algumas das salas de espetáculo mais emblemáticas do país, "esta medida terá um impacto negativo e poderá implicar a redução das sessões de espetáculos ao Domingo", afirma Paulo Dias, do Teatro Tivoli BBVA, citado no comunicado.
Também no setor da hotelaria "se prevê um impacto negativo devido à dificuldade logística de chegada e partida de hóspedes e que, a médio prazo, implicaria uma redução na procura dos turistas das unidades na Avenida, e cujo impacto se pode estimar entre 10 a 20% das noites vendidas".
Para a restauração, "esta alteração trará prejuízos, depois de dois anos com elevadas restrições nos vários espaços devido a COVID19".
Uma proposta do Livre aprovada em meados deste mês na Câmara de Lisboa determina a redução em 10 quilómetros/hora (km/h) da velocidade máxima de circulação permitida e a eliminação do trânsito automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados.
A iniciativa "pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na cidade de Lisboa" teve sete votos contra da coligação PSD/CDS, liderada pelo presidente da autarquia, Carlos Moedas, abstenções dos dois vereadores do PCP e oito votos a favor (cinco do PS, um do Livre e um do Bloco de Esquerda).
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, assegurou que não irá implementar as mudanças no trânsito da cidade aprovadas recentemente, enquanto não tiver garantias de que não têm um "efeito económico negativo".
"Há uma garantia: não tomo decisões como presidente da Câmara que não estão bem sustentadas, nem financeiramente, nem economicamente. Eu não vou implementar esta medida enquanto não tiver a prova de que ela é uma medida boa para a cidade e que não tem um efeito económico negativo, sobretudo num tempo de retoma económica", afirmou o autarca.
Moedas anunciou que vai pedir uma consulta pública sobre o fecho ao trânsito da Avenida da Liberdade aos domingos e feriados e estudos dos impactos desta medida aprovada pela oposição.
Já o PSD disse que vai tentar vias, incluindo jurídicas, para reverter a proposta, sublinhando que não houve consulta pública ou pareceres técnicos prévios.