Marca queixa-se de inércia das autoridades, às quais apresentou queixa há dois anos. Cópias são fabricadas tanto na China como em Portugal, em Aveiro, Caldas da Rainha, Óbidos e outros locais.
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Há réplicas da louça da Bordallo Pinheiro, marca natural das Caldas da Rainha atualmente detida pelo grupo Vista Alegre, à venda em lojas por todo o país. Os motivos naturalistas que caracterizam as históricas peças Bordallo - couves, tomates, abóboras, galinhas, entre outros - são copiados com detalhe em fábricas da China e de Portugal, para depois serem vendidos aos clientes com preços muito inferiores aos originais. Incluindo em grandes superfícies comerciais portuguesas.
O grupo Vista Alegre diz que já apresentou queixa a várias entidades - entre as quais a Procuradoria-Geral da República e a ASAE -, mas, dois anos volvidos, nada parece ter acontecido.
O aumento do turismo em Portugal coincidiu com a proliferação de cópias da louça da Bordallo Pinheiro. Foi entre 2012 e 2013 que a marca se apercebeu que as réplicas eram cada vez mais numerosas.
"Com o passar do tempo, o problema foi-se agudizando. Hoje, está completamente descontrolado e o próprio processo de contrafação foi-se aperfeiçoando", adianta, ao JN, Nuno Barra, administrador da Bordallo Pinheiro.
Ao que tudo indica, as peças contrafeitas são fabricadas, maioritariamente, na China e em Portugal. Por cá, segundo conseguiu apurar a própria marca, há fábricas nas Caldas da Rainha, em Óbidos e em Azeitão, pelo menos, a produzir "peças iguais ou muito confundíveis com Bordallo".
Além de uma, em Aveiro, que estará a abastecer uma grande cadeia de hipermercados portuguesa, com "couves e folhas em grés iguais" às da histórica marca.
Queixas apresentadas
Nuno Barra recorda que, em 2015, a Bordallo Pinheiro fez uma abordagem às principais fábricas de réplicas, "com o alerta de que a situação não poderia continuar". Depois, apresentou queixas às autoridades, em janeiro de 2020, às quais foram sendo acrescentados novos factos, à medida que a marca os foi apurando.
Mas, dois anos depois, não há novidades sobre o processo. "Pelo menos que saibamos, nada foi feito. Há notícias de apreensões de roupa contrafeita, mas de louça, nunca. Ainda por cima, somos uma casa nacional", lamenta o administrador. Para Nuno Barra, a inércia das autoridades "passa a mensagem de que não vale a pena apostar no desenvolvimento de produto, porque uns meses depois aparecem cópias de baixa qualidade e nada é feito". O JN tentou, sem êxito, uma reação da ASAE.
Como distinguir
A Bordallo Pinheiro diz não ter conhecimento que o seu nome esteja a ser usado nas réplicas. Apenas o desenho das peças e os motivos são copiados, de forma a que se assemelhem aos originais. O truque para o cliente é verificar a marca.
Réplicas e originais
Segundo Nuno Barra, há retalhistas que são vendedores oficiais da Bordallo, mas que "cederam à pressão" e que "fazem conjuntos com mistura de louça original e contrafeita". "Por exemplo, pratos da Bordallo e travessas e chávenas iguais de contrafação", conta o administrador.