Autarca de Vila do Conde diz que ainda não há certeza sobre foco do surto de legionela
A presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, diz que, volvidos quase dois meses, "não há certezas" sobre a origem do surto de legionela que afetou o concelho, Matosinhos e Póvoa de Varzim.
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As análises das entidades saúde, esclarece, "estão concluídas" e é um facto que as torres de refrigeração da Longa Vida acusaram positivo para a bactéria, mas a correlação está por apurar. O caso está, agora, nas mãos do Ministério Público (MP). Questionada pelo PSD, nesta quinta-feira, na Assembleia Municipal, a autarca admite que, até hoje, não sabe quantos vilacondenses foram atingidos pela bactéria.
"Não há certezas absolutas que o foco tenha estado naquela empresa e as análises a nível da saúde estão concluídas. Há agora uma investigação a nível do MP, uma vez que estamos perante um crime ambiental", explicou Elisa Ferraz.
"Só quando se conseguir ter a certeza de que a estirpe de legionela existente naquela torre de refrigeração é compatível com a estirpe ou estirpes que levaram à morte das pessoas é que poderemos ter uma certeza absoluta que foi a partir dessa empresa que as mortes foram causadas", frisou ainda.
Luísa Maia, do PSD, criticou "o silêncio sepulcral" da Câmara em todo o processo e quis saber se o surto está "absolutamente controlado", se já houve "consequências ambientais e criminais" para quem incumpriu a lei, "quantos vilacondenses faleceram" e "que acompanhamento deu a Câmara a essas famílias". Elisa Ferraz diz que já pediu uma reunião à Unidade Local de Saúde e admite que não sabe ao certo quantas pessoas foram atingidas pela bactéria no seu concelho. Quanto ao resto, também ela aguarda resposta da saúde e do MP.
O surto de legionela que atingiu os três concelhos começou a 29 de outubro e, no total, de acordo com os últimos números conhecidos, infetou 88 pessoas e matou 10. Na sequência da investigação das autoridades de saúde, as torres de refrigeração do centro de distribuição da Longa Vida, em Perafita, Matosinhos, foram desligadas a 11 de novembro, depois de, no seu interior, ter sido encontrada a bactéria.
A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) afirmava, no final de novembro, que desde que foram desligadas as torres os casos caíram a pique e, passado o período de incubação da doença - 14 dias -, não surgiu mais nenhum doente. O foco parecia localizado, mas a ARS/Norte dizia aguardar mais resultados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Agora, quase dois meses depois do primeiro caso, continua sem dar mais explicações.
A Longa Vida, por seu lado, diz que não está provada a "correlação entre a bactéria detetada nas torres de refrigeração do seu centro de distribuição e as pessoas afetadas".