Piso em muito mau estado, com raízes de pinheiros que invadiram há muito as faixas de rodagem, tornando-as cada vez mais instáveis e bermas muito perigosas sinalizadas por pinos são o que mais salta à vista dos automobilistas que percorrem o IC1 (via que liga Setúbal ao Algarve), no troço entre Alcácer do Sal e Grândola.
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Os autarcas destes concelhos pediram recentemente uma audiência ao secretário de Estado das Obras Públicas, reclamando uma intervenção urgente naquela que apelidam como "a estrada da morte", mas no terreno nada foi feito e a degradação agrava-se de dia para dia, de inverno para inverno.
"A situação é caótica. Nós, Câmara, os donos dos restaurantes, os próprios militares da GNR e os utentes em geral partilhamos o receio permanente de acidentes graves", desabafa ao JN Vítor Proença, presidente da Câmara de Alcácer do Sal, que, na última semana, reuniu com a Infraestruturas de Portugal, tentando perceber o que falta para as obras arrancarem.
"Disseram-nos que o processo está difícil, porque esta estrada ainda não está na posse do Estado, mas do consórcio que estava a fazer o IP8 entre Sines e Beja, que ficou encarregado de reparar o IC1", conta o autarca, indignado por este imbróglio se arrastar há quatro anos.
Estrada para gente de todo o país
Vítor Proença recorda que este troço do IC1 - com um tráfego diário estimado em oito mil utentes - não pode ser visto como uma "estradinha local". "Tem um enorme movimento de pesados, porque serve o complexo industrial de Sines e o sistema agroalimentar de Odemira, além de milhares de turistas durante o verão", justifica o autarca, sublinhando que esta é "uma via que serve a economia nacional e gente de todo o país".
O IC1 era a antiga ligação entre Lisboa e o Algarve. Com a conclusão da A2, perdeu algum tráfego, mas, nos últimos anos, com o aumento das portagens, muitos são os que voltaram a utilizar esta via para se deslocarem para o Sul do país.
"O nosso receio é permanente. Já o anterior ministro da Economia, Pires de Lima, nos deu razão, mas não vemos obra no terreno. Os comerciantes locais estão indignados. Isto tem de se resolver", conclui. v
v Dando eco às preocupações dos autarcas e comerciantes, a Comissão de Utentes do IC-1 de Alcácer do Sal e Grândola vai solicitar um conjunto de novas audiências com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas; grupos parlamentares da XIII Legislatura; Comissão de Economia e Obras Públicas e Infraestruturas de Portugal.
"A inércia dos governantes, da concessionária e da Infraestruturas de Portugal consente que cada vez mais se promova nesta via um potencial crescente de número de acidentes, onde particularmente o enfoque mais negativo será, como tem sido, o crescente número de vítimas mortais", lê-se numa nota de Imprensa divulgada pela comissão, que considera a situação como "inaceitável e insustentável", considerando que este itinerário é um eixo rodoviário fundamental entre o Norte e Sul do país e o principal corredor de acesso de Espanha e a Zona Litoral do Alentejo, destacando-se a atividade turística e industrial pela relevância do Complexo Industrial/Portuário de Sines.