O presidente da Câmara de Viseu e da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, teme que a ligação da cidade à rede ferroviária nacional seja atirada "para as calendas" e lamenta que ainda não haja uma data para que todas as capitais de distrito tenham caminho de ferro, apesar da promessa do Governo.
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Viseu está sem comboio desde o final da década de 80 (1989). Para além da cidade de Viriato, também Vila Real e Bragança não são servidas pela ferrovia.
O autarca do PSD reuniu no início da semana com responsáveis da empresa pública Infraestruturas de Portugal e não saiu tranquilo desse encontro.
Tomou nota, pela positiva, do interesse do ministro das Infraestruturas em avançar com a construção da nova linha ferroviária Aveiro - Viseu - Salamanca, mas lamenta que a obra esteja agora dependente do executivo do país vizinho.
"Aquilo que dizem é que estão altamente interessados em fazer isto, mas pelos vistos condicionaram isto a que o Governo espanhol modernize a linha entre Madrid e Ciudad Rodrigo", referiu hoje aos jornalistas.
"Isto permite-me a interpretação de que todas as capitais de distrito terão acesso ao comboio, mas há de ser para as calendas. Isso foi uma promessa repetida, mas não há datas, nem decisão", acrescentou.
Fernando Ruas também não gostou de saber que "o problema das mercadorias já está resolvido com [as obras em curso de] modernização da linha da Beira Alta".
"Mas se está, quer dizer que esta linha fica reservada ao tráfego de passageiros, então que se decidam rapidamente", defendeu.
IP3 lá para 2026
O IP3 foi outros dos dossiês que esteve em cima da mesa da reunião entre a CIM Viseu Dão Lafões e a Infraestruturas de Portugal. Segundo Fernando Ruas, as obras de requalificação e duplicação do itinerário que liga Viseu a Coimbra só estarão concluídas em "2026 na melhor das hipóteses", dois anos depois do prazo traçado inicialmente pelo Governo.
"Em 2024 hão de haver muitas obras que nem terão começado", atirou, criticando o facto de ainda não ter sido arranjado uma solução para a Livraria do Mondego, uma zona que está fora das obras de reabilitação da via.
Lembrando que há trabalhos que são considerados mais simples, como a requalificação e duplicação da estrada entre Viseu e Santa Comba Dão, o autarca do PSD desafia ainda o Governo a começar já com essa empreitada.
"Para quem está bem-intencionado poderia começar por aí. Se é mais fácil, então que se faça até para os cidadãos começarem a acreditar na obra", defendeu.
Fernando Ruas quer o IP3 requalificado, mas continua a insistir na construção de uma nova autoestrada entre Viseu e Coimbra.
"Há algumas das cidades tão importantes quanto estas que não estejam ligadas por autoestrada? Eu não sei o que é que se aguarda para reclamar a autoestrada e que se defina de uma vez qual é o corredor", disse, salientando que é "o Estado central que tem que decidir" e apontar uma solução de traçado.
"Que se defina de uma vez a solução porque dá um jeitão andar a trocar constantemente de solução", concluiu.