A Sé de Viseu vai ter duas plataformas elevatórias "pioneiras" no país, iguais às que foram instaladas na Catedral de Notre-Dame, em Paris, França, e que permitirão o acesso de pessoas com mobilidade reduzida ao monumento religioso.
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A novidade foi apresentada esta quarta-feira pela diretora regional da Cultura do Centro, no lançamento da primeira pedra das novas obras de conservação e restauro da Sé.
A intervenção, financiada por fundos comunitários, está orçada em mais de 1,2 milhões de euros. Os trabalhos vão durar 18 meses, estando prevista a sua conclusão em dezembro de 2023.
"Pretendemos solucionar o complexo problema das acessibilidades, garantindo o acesso pleno as todas as áreas integrantes deste imóvel, incluindo o museu", explicou a diretora Regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes.
"O projeto de acessibilidades é verdadeiramente exemplar, integrando de forma pioneira no nosso país, a mesma soluciona técnica e tecnológica que foi usada na Catedral de Notre-Dame, em Paris, e na Catedral de Caen", sublinhou, acrescentando que "em causa está a colocação de plataformas elevatórias nas duas escadarias exteriores que serão praticamente impercetíveis quando recolhidas", o que "assegura um impacto visual mínimo e um absoluto respeito pelos valores patrimoniais em presença".
Suzana Menezes adiantou ainda que estas duas plataformas elevatórias "vão permitir o acesso franco à Casa de Santa Maria e daí à Varanda dos Cónegos e ao piso superior do claustro, por elevador, assim como ao piso inferior do claustro e, deste, ao interior do templo".
As obras incluem também a requalificação da Casa de Santa Maria, um edifício que se encontra degradado há vários anos.
Estão igualmente previstos trabalhos com o objetivo de "resolver os graves problemas de infiltrações de água", que ainda tinham sido realizados em intervenções anteriores.
"Também pretendemos resolver problemas de drenagem de águas pluviais e degradações diversas em elementos de património integrado. Iremos ainda proceder a trabalhos de conservação e restauro das coberturas e resolver situações de degradação de elementos estruturais de património integrado, nomeadamente na sala capitular, claustro, torre de relógio e loja", disse a responsável.
O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, mostrou-se satisfeito com a nova intervenção que vai ser realizada na catedral da cidade, mas salientou que as empreitadas já deviam "ter começado há mais tempo".
"O que importa é que as obras tenham a sua sequência e que não se deixe deteriorar este património espantoso, o religioso, e que é uma das alavancas das pessoas que nos visitam", declarou, fazendo votos para que não haja "hiatos tão grandes na recuperação destes monumentos".
O autarca social-democrata deixou ainda uma preocupação e um alerta. Lembrando que as recentes obras no Museu Nacional Grão Vasco, que agora ficou de cara lavada, Fernando Ruas, pediu que não fosse esquecida a limpeza da fachada da Sé, que está paredes meias com o espaço museológico.
Hoje, o JN tinha também dado conta dos lamentos do Deão do Cabido da Sé, o padre Manuel Moreira Matos, em relação à falta de limpeza da fachada da catedral.
"Quem aqui chega diz que um tem a cara lavada e o outro ainda não tem, possivelmente será a sequência normal das obras, mas penso que poderíamos fazer algum esforço para que aconteçam [esses trabalhos] em simultâneo. Este conjunto ficaria muito a perder se não houvesse essa possibilidade a curto prazo", vincou.
Também o Bispo de Viseu, D. António Luciano, disse esperar que depois "destas obras outras venham" a realizar-se para embelezar o "conjunto religioso, museológico e arquitetónico" de uma praça única da cidade.
"Nós olhamos para o exterior e vemos que algumas coisas precisam de ser arranjadas, de ser limpas, cuidadas, também sabemos que há muitos milhões, mas para tanta gente necessitada são poucos, mas quando distribuídos com equidade podem ajudar e beneficiar muitas obras", concluiu.