Autarcas portugueses e espanhóis juntaram-se na fronteira de Bemposta/Fermoselle, em Mogadouro, este sábado, para protestar contra a manutenção desta ligação ibérica encerrada à circulação.
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O presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, não aceita que o encerramento da fronteira "continue sem resolução" por ser muito prejudicial para os trabalhadores transfronteiriços e o transporte de mercadorias essenciais. Só do concelho de Mogadouro são 28 cidadãos que diariamente vão para Espanha trabalhar e do outro lado também muitos passam para Portugal por causa dos empregos. "São obrigados a percorrer cerca de 240 quilómetros (viagem de ida e volta) até ao Ponto de Passagem Autorizada de Quintanilha (Bragança) durante o fim-de-semana. Nos dias úteis podem passar na fronteira de Miranda do Douro, cerca de metade daqueles quilómetros, quando estão a seis do local de trabalho", esclareceu Francisco Guimarães que teme que alguns trabalhadores percam os empregos "porque não têm capacidade económica para garantir os gastos com as viagens", vincou.
Desde que a passagem de Bemposta encerrou, o município de Mogadouro procurou resolver o problema. O presidente da Câmara participou numa reunião com vários autarcas da raia de norte a sul do país, a 2 de fevereiro, onde foi elaborado um documento e enviado ao Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, no qual se reivindicava que em cada um dos concelhos transfronteiriços fosse assegurada uma passagem com Espanha. A CIM-Terras de Trás-os-Montes também enviou um documento alertando para esta situação e na passada quinta-feira os autarcas participaram numa reunião online com Eduardo Cabrita, onde Francisco Guimarães solicitou a reabertura da fronteira de Bemposta. Os autarcas portugueses foram na altura informados que Espanha se opunha à abertura de mais fronteiras, mas que iriam proceder à abertura de mais dois pontos de passagem de fronteira, nos concelhos de Vinhais e Ponte da Barca.
O autarca de Mogadouro considera justa a reivindicação dos autarcas do Minho que pedem apoios extraordinários para os trabalhadores transfronteiriços prejudicados com o encerramento das fronteiras. "Não é um pedido descabido face aos prejuízos", afirmou.