A Câmara de Valongo decidiu, ontem, quinta-feira, iniciar um processo de saneamento financeiro para tentar colmatar uma dívida de curto prazo que ascende a 22 milhões de euros. A oposição lamenta que a medida não tenha sido tomada ainda no anterior mandato.
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É perante um cenário de "dívida a curto prazo extensa que será insustentável de manter" que a Câmara de Valongo, liderada por Fernando Melo desde 1993, assumiu a necessidade de recorrer a um processo de saneamento financeiro. Tal como Arnaldo Soares, vereador das Finanças, explicou em conferência de Imprensa, "há que requacionar cada despesa que não seja prioritária", a fim de reduzir o passivo da Autarquia num prazo de 12 anos.
A intenção é que, no fim do próximo mês, fique pronto um "diagnóstico" elaborado "por uma entidade externa", no qual serão apresentadas as medidas que serão necessárias para reduzir a dívida. A expectativa é que em Julho, o documento, depois de ter sido levado ao Executivo e à Assembleia Municipal, seja auditado pelo Tribunal de Contas. "Gostaríamos de ter o processo finalizado em Outubro".
Em causa, para Maria José Azevedo, do movimento independente "Coragem de Mudar", "está uma dívida que é três vezes superior à captação de receita da Câmara de Valongo". Logo, para a vereadora, "o plano de saneamento financeiro é uma medida que já devia ter sido tomada no anterior mandato". Em vez disso, "a gestão eleitoralista de Fernando Melo desatou a esbanjar o dinheiro de que a Edilidade não dispunha para tentar fazer inaugurações em vésperas do acto eleitoral". "Se a Câmara fosse uma empresa, poderíamos falar numa situação de pré-falência", reiterou a vereadora, que sublinhou que "a dívida total da Autarquia ascende aos 68 milhões de euros".
Já o vereador socialista Afonso Lobão disse, ao JN, que a nova medida "demonstra bom senso", uma vez que já tinha sido "um alerta do PS na última reunião de Câmara". "Há que tomar medidas de imediato. A Câmara é como se fosse um doente nos Cuidados Intensivos e é preciso adoptar um atenção redobrada a fim da Autarquia não cair em falência", concluiu Lobão.