Centro Académico Clínico de Aveiro vai reunir médicos, professores, investigadores e alunos em prol de melhores cuidados de saúde.
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No local onde existia o Estádio Mário Duarte, recentemente demolido, no centro de Aveiro, vai nascer o futuro da saúde da região. O Hospital Infante D. Pedro, ali ao lado, será ampliado. E, no seguimento da ampliação, vai ser construído o edifício que albergará o Centro Académico Clínico Egas Moniz. É aí que médicos, professores, investigadores e alunos vão conviver, formando-se e desenvolvendo projetos de investigação, em prol de uma melhoria dos cuidados de saúde.
"Consolidar a área das ciências da saúde e contribuir para uma melhor prestação de cuidados de saúde" é, segundo Artur Silva, vice-reitor da Universidade de Aveiro (UA), o objetivo primordial do Centro Académico Clínico, constituído legalmente, há cerca de um mês, sob o nome do Nobel da Medicina de 1949, Egas Moniz Health Alliance (EMHA). Mas só quando houver financiamento para construir a estrutura que o vai albergar é que funcionará em pleno.
Na realidade, o edifício do Centro Académico Clínico ficará acoplado à ampliação do hospital. "Terá espaços comuns com o hospital e terá outros reservados", explica Artur Silva, adiantando que, para já, só existe um esboço do projeto, que "foi submetido, para análise, à entidade competente, o Conselho Nacional dos Centros Académicos Clínicos".
Ensaios clínicos
Margarida França, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga - que engloba os hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja - diz que o projeto "vai fazer a diferença na região". "Já trabalhamos muito com a universidade e, assim, vamos trabalhar mais. Temos médicos a fazer doutoramento e professoras. Mas, para fazer investigação, são precisos doentes. Com esta colaboração, vamos conseguir ter disponível um universo de doentes, por exemplo, para ensaios clínicos de doenças que não são muito comuns", adianta. Além disso, "vai captar mais profissionais de saúde para Aveiro e potenciar linhas de investigação em múltiplas áreas". Tudo, segundo Margarida França, tendo como "objetivo tratar os doentes".
Atualmente, a UA tem cerca de 50 alunos a frequentar os programas doutorais de Reabilitação e de Biomedicina. Com a constituição do EMHA, podem ser criados mais formações. Mas o trabalho não se extingue na colaboração entre UA e Centro Hospitalar do Baixo Vouga. O consórcio do EMHA também inclui o Centro Hospitalar Gaia/Espinho (CHVNG/E) e o de Entre Douro e Vouga, além de seis agrupamentos de centros de saúde e das administrações regionais de saúde do Norte e do Centro.
Para o médico e professor Horácio Costa, do CHVNG/E, a criação do Centro Académico vai beneficiar também a região a sul do Douro e permitirá "ombrear com projetos de nível europeu". O próprio nome, "Health Alliance", teve em conta a projeção internacional.
O diretor do Serviço de Cirurgia Plástica e do Departamento de Formação, Ensino e Investigação foi um dos impulsionadores do projeto, que acompanha desde 2016. Com o EMHA, segundo Horácio Costa, pretende-se comprovar a eficácia de novidades, que podem passar por "técnicas cirúrgicas, medicamentos, próteses oculares, próteses da anca, material de reconstrução mamária, de reconstrução de nervos e de tendões", entre outros casos.
A ampliação do Hospital Infante D.Pedro e a construção do EMHA têm um custo previsto, no total, de 150 milhões de euros. Ainda não há fundos comunitários que o garantam.
Mais protagonismo dos centros de saúde
Apesar de seis agrupamentos de centros de saúde (ACES) integrarem o consórcio do EMHA, Pedro Almeida, diretor-executivo de um deles, o ACES do Baixo Vouga, diz que "os cuidados de saúde primários nunca foram muito valorizados a nível de investigação". Mas assume que, atualmente, os centros de saúde "podem passar a ter outro tipo de ponderação, até devido ao manancial de informação de que dispõem, devido à pandemia".
Artur Silva também adianta que os cuidados de saúde que vão ser alvo do EMHA "podem ser epidemiológicos, não precisam de ser só relacionados com tecnologia". "Vai ser um motor para melhorar os cuidados de saúde, no geral", explica o vice-reitor da Universidade de Aveiro para a área da investigação.