Número global mantém-se desde a pandemia, mas tem havido um aumento de imigrantes e famílias monoparentais a pedir ajuda.
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Há cada vez mais imigrantes – maioritariamente provenientes do Brasil e, também, da Venezuela – e famílias monoparentais a recorrerem ao Banco Alimentar Contra a Fome no distrito de Aveiro, revelou esta segunda-feira ao JN o presidente da instituição, Lúcio Carlos, à margem de uma campanha de solidariedade apoiada pela Águas da Região de Aveiro (AdRA).
Lúcio Carlos adiantou que a Banco Alimentar apoia cerca de 32 mil pessoas em 18 dos 19 municípios do distrito, de Espinho à Mealhada, um número que se tem mantido desde a pandemia porque a população ajudada é volátil, “entram umas famílias e saem outras, que entretanto melhoraram as suas condições de vida, e já não precisam de apoio alimentar”, explica ao JN. Mas dentro das que ultimamente têm solicitado ajuda, “nota-se um aumento de imigrantes, de muitas nacionalidades, mas maioritariamente pessoas vindas do Brasil e Venezuela, mas menos, e de famílias monoparentais”.
Para o Banco Alimentar não importa a nacionalidade ou circunstâncias da vida que leva alguém a pedir ajuda, “até porque os casos são verificados pelas 204 instituições do distrito, desde IPSS a ordens religiosas, com quem temos acordos, que recebem os bens do Banco Alimentar e os entregam aos necessitados”, diz Lúcio Carlos. Mas as histórias são muitas vezes comuns. “Imigrantes chegados ao nosso país e que já trabalham mas o que ganham não chega nesta fase para pagar a renda de casa e alimentar a família, o mesmo acontecendo com uma mãe ou um pai que tem dois ou três filhos, e o ordenado não chega para o essencial”.
No ano passado, o Banco Alimentar de Aveiro distribuiu 650 toneladas de mantimentos pelas 204 instituições, menos 30 toneladas que em 2022. Os bens são conseguidos através das duas grandes campanhas anuais feitas pelo Banco Alimentar em maio/junho e novembro/dezembro nos supermercados, onde entregam um saco a cada cliente para encher como pode, e junto de empresas, “uma dezena”, maioritariamente da indústria alimentar.
O Banco Alimentar de Aveiro faz quatro grandes distribuições por ano, com os bens que recolhe nas duas campanhas nos supermercados, e outras tantas pontuais quando recebe da indústria. São as instituições de solidariedade social de todo o distrito que vão ao grande armazém de Aveiro buscar os alimentos, “há algumas que levam mais de duas toneladas de cada vez”, diz o presidente.
Lúcio Carlos gostaria que mais empresas ajudassem o Banco Alimentar e mais voluntários se inscrevessem. “Especialmente para as duas grandes recolhas nos supermercados”, para as quais são necessários 2500 voluntários. “Faço um apelo a quem possa, basta ajudarem durante três horas, o tempo de um turno, se não puderem mais”, agradece o responsável, explicando que basta fazer a inscrição online ou presencialmente nas instalações em Aveiro.
“Cliques por alimentos”
Uma das instituições que tem ajudado regularmente o Banco Alimentar é a Águas da Região de Aveiro, que hoje assinou um novo protocolo para a campanha de solidariedade “Troque cliques por alimentos”. Até 30 de junho do próximo ano, por cada adesão gratuita dos clientes à fatura digital, ao AdRAnet (balcão digital) ou download da app myAQUA, a AdRA doará alimentos no valor de 50 cêntimos. Margarida André, diretora financeira da AdRA, acredita que será possível conseguir 3000 euros para o Banco Alimentar Contra a Fome de Aveiro.