Sede de sair à noite entope espaços de animação e ruas, com clientes "mais ansiosos e exaltados", obrigando a reforço da PSP. Empresários pedem controlo mais frequente.
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"Mais ansiosos e mais exaltados", os clientes das discotecas e bares do Porto têm entupido as entradas dos estabelecimentos que, na maioria das vezes, já não têm capacidade para receber mais pessoas. A enchente obrigou a um reforço da PSP junto dessas áreas, informou fonte do Comando Metropolitano. Um vídeo que circulou pelas redes sociais mostra centenas de pessoas concentradas à porta da discoteca Via Rápida. O JN tentou ouvir os responsáveis do estabelecimento, mas sem sucesso.
Alguns dos maiores clubes noturnos mantiveram-se fechados mais algum tempo (como o Eskada, que abriu dia 23) e há casos de espaços, com capacidade para 200 pessoas, que apesar de abrirem à uma da manhã, às 23.30 horas já têm uma fila de espera de 600 pessoas.
Em 2019, vários empresários com estabelecimentos na zona dos Clérigos viram-se obrigados a contratar policiamento extra para afastar um grupo que aliciava com droga e ponderam recorrer outra vez a essa solução. Apesar de admitirem o novo reforço da PSP, consideram que a patrulha atual devia ser habitual - e dizem que não o é -, lamentando que só tenha acontecido depois da morte de um jovem atingido a soco.
Ruas repletas
O principal motivo apontado pelos empresários que pode justificar os desacatos que têm ocorrido é o hábito criado pelos jovens durante o verão. "Temos uma grande afluência nas ruas", nota Miguel Camões, da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto.
Mário Carvalho, do Café Lusitano, esclarece que o facto de os jovens terem procurado a rua, durante a pandemia, "para beber, levar as suas colunas de som e fazer as suas festas", explica "alguma violência e alguns desacatos" que se têm verificado.
Um outro empresário, que não se quis identificar por receio de represálias, referiu que "havia pouco policiamento nas ruas". Além disso, "os clientes estavam mais ansiosos e mais exaltados do que o normal". Mesmo com o reforço, acrescenta, "para aquilo que é necessário, é muito pouco". "Até entre os funcionários há algum receio de vir trabalhar", alerta.
Lotação limitada
E ainda que se verifique um número elevado de clientes junto aos bares e discotecas, isso não significa que o buraco deixado pela pandemia no setor esteja a desaparecer. Pelas contas de Mário Carvalho, serão precisos seis anos para o "Lusitano" recuperar o prejuízo.
Alguns espaços, por decisão dos empresários, estão a funcionar com limite de lotação para tentar manter o distanciamento social. É o caso do "Plano B", que regista, ainda assim, uma afluência "igual à do passado" e "em algumas noites, ligeiramente melhor". Mas durante a semana a adesão ainda é baixa, refere Miguel Camões, verificando que o turismo "não regressou a níveis pré-pandemia".
À lupa
600 mil euros
Foi a verba atribuída pela Câmara do Porto ao Programa de Apoio à Economia da Cidade - "Luz para a noite do Porto". O prazo para apresentar candidatura terminou no passado dia 15 e espaços aguardam resposta.
Comando da PSP
A PSP afirma que, "face ao aumento significativo do número de frequentadores dos referidos estabelecimentos, tem dedicado uma atenção especial, reforçando o policiamento" junto aos bares e discotecas.