As fortes chuvas que caíram na Estremadura espanhola a partir da madrugada de terça-feira, levaram a que a Barragem de Alqueva tenha subido 2,05 metros e recebido 371,15 hm3 (321.150.000 m3) de água. Em 12 dias, desde 1 de dezembro e até à noite do temporal, a albufeira tinha subido somente 1 metro no nível acumulado de água, segundo os dados revelados ao JN pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA).
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Às 23,00 horas da passada segunda-feira, antes do temporal, a Barragem de Alqueva estava à cota 145,48 metros, a 6,44 metros da sua capacidade total que se cifra nos 152 metros. A albufeira albergava então 2.765,95 hm3 cúbicos de água (2.765.950.000 m3), 67,20% da sua capacidade total que é de 4.150 hm3 (4.150.000.000 m3).
Setenta e duas horas depois, às 23,00 horas de quinta-feira, Alqueva ultrapassou os 75% da sua capacidade total, acolhia 3.123,32 (hm3) e estava a 4,47 metros de atingir a cota máxima o que a suceder será a quinta vez desde o fecho das comportas em 8 de fevereiro de 2002.
O "Açude de Badajoz", controlado pela Confederação Hidrográfica do Guadiana, sediado naquela cidade de Espanha, é o principal ponto de entrada de água em Portugal e no rio Guadiana. Aquele afluente foi de tal forma determinante para a subida em Alqueva, que às 18,20 horas de terça-feira, passavam mais de 2,2 milhões de m3 por segundo (m3/s) pelo "Açude de Badajoz", segundo informação da EDIA.
A empresa gestora da maior albufeira da Europa revelou na sua página de facebook que "Alqueva já recuperou toda a água fornecida este ano para abastecimento público, agricultura e industria, tendo encaixado mais 600 milhões de metros cúbicos (m3)", justificando que desde o passado dia 1 de dezembro a subida da água foi superior aos três metros.
Os muitos afluentes do rio Guadiana, localizados a Sul de Elvas, não são determinantes no enchimento da albufeira alentejana, como são os casos das barragens da Vigia (Redondo) e de Lucefécit (Terena/Alandroal), a Ribeira de Alcarrache (Mourão e Moura) e o rio Degebe (passa em várias freguesias dos concelhos de Arraiolos, Évora, Portel e Reguengos de Monsaraz). A água do rio Ardila (Moura) entra na barragem do Pedrogão (Vidigueira) e pode ser revertida para Alqueva.
Alqueva encheu pela primeira vez em 12 de janeiro de 2010, situação que voltou a repetir-se em março desse mesmo ano, tendo a água em excesso sido libertada para o leito do rio Guadiana pelas comportas secundárias. No início de 2013 a barragem encheu pela terceira vez e desta feita foram abertas as comportas de superfície e realizadas as maiores descargas de água de sempre, que fizeram subir os limites do Guadiana e muita gente perdeu os animais, que tinha de forma ilegal no leito do rio.
A última vez que encheu na plenitude foi no início de 2014, mas na altura a EDIA não fez descargas para o "Grande Rio do Sul", fazendo o controlo através da central hidroelétrica, produzindo energia.