As barragens de Ribeiradio-Ermida foram, ontem, apresentadas pelo primeiro-ministro, em Sever do Vouga. O projecto da EDP e da Martifer deverá estar a funcionar em 2013. Um sonho de 70 anos está prestes a concretizar-se.
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Sete anos depois de ter assinado o auto de consignação da obra da barragem de Ribeiradio, então como Ministro do Ambiente, José Sócrates regressou, ontem, a Sever do Vouga para apresentar o projecto. Mas em sete anos muita coisa mudou. Sócrates é agora Primeiro Ministro. A barragem é composta por duas infra-estruturas (Ribeiradio e Ermida) e o investimento que em 2002 era público (INAG) passou a privado (Greenvouga, uma empresa detida pela EDP e pela Martifer).
Ontem, na apresentação, José Sócrates afirmou que "está na altura de recuperar o tempo perdido e corrigir um erro do Estado por ter abandonado esta obra". O líder do Governo referia-se ao facto do Governo ter desistido da obra depois de um concorrente ter recorrido judicialmente do resultado do concurso público.
Agora "é para avançar", reafirmaram, ontem, todos os membros do Governo (José Sócrates, Manuel Pinho, Nunes Correia) presentes em Couto de Esteves (Sever do Vouga), uma ideia igualmente defendida pelos presidentes da EDP, António Mexia, e da Martifer, Carlos Martins. Este último particularmente satisfeito pelo facto do "jogar em casa". Martins é severense e tem a sede da empresa em Oliveira de Frades, município vizinho que ficará mais perto de Sever do Vouga com a ponte que vai ser construída sobre a barragem de Ribeiradio.
Segundo José Martins, engenheiro responsável pelo projecto, orçado em 150 milhões de euro, as duas barragens estarão a funcionar em Abril de 2013. Ao JN, José Martins especificou que as obras de Ribeiradio começam em Junho deste ano. Trata-se da principal infra-estrutura. Terá 74 metros e produzirá anualmente 117 GWh. Quatro quilómetros a jusante ficará a barragem de Ermida, que começará a ser construída em Abril de 2010. Vai ter 35 metros de altura e produzirá 17 GWh. Ermida destina-se a modular os caudais turbinados em Ribeiradio.
No pico da obra, 550 pessoas directamente e 1700 indirectamente estarão a trabalhar em ou para Ribeiradio-Ermida. O "sonho de 70 anos de Sever do Vouga e desta região está a concretizar-se", lembrou o presidente da Câmara local, Manuel Soares, um dos principais defensores dos benefícios do projecto (ver ficha).