Como já vem sendo tradição, a Cova da Moura, na Amadora, voltou a celebrar, ontem, a festa popular de Cabo Verde Kola San Jon. O dia foi de festa, num bairro onde vive uma grande comunidade cabo-verdiana, mas a reivindicações não foram esquecidas.
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Num percurso inédito pelas ruas do bairro onde foram “atendidos”, os pedidos de muitos moradores para que o cortejo do Kola San Jon passasse às suas portas, o trajecto foi feito em duas etapas, como explicou ao JN Godelieve Meersschaerts, da associação Moinho da Juventude que organizou a festa.
À mediada que o cortejo ia passando pelas ruas com os seus andores, barcos e santos populares, as pessoas ofereciam comida e bebida aos participantes. E por onde o som dos tambores ecoava, ninguém ficava indiferente.
Virgínia Mendes, natural da ilha de S. Tiago, estava muito contente com a recriação da festa tradicional, originária do seu país. “É uma festa muito parecida, embora em Cabo Verde dure mais dias e tenha mais gente na rua”, diz.
O Kola San Jon é tradicionalmente marcado pela presença de barcos e as caravelas que evocam as memórias dos Descobrimentos. Realizada desde 1992 no bairro, a festa “tem vindo a crescer ”, adianta Godelieve Meersschaerts. Mas a celebração serve também para que as reivindicações da associação se façam mais uma vez ouvir.
“Continuamos a lutar pela qualificação do bairro através do melhoramento dos esgotos, do abastecimento de água e da pavimentação das ruas”, refere.
Outra velha aspiração é a construção de uma creche de raiz. “Já tínhamos terreno, verba e aprovação da Segurança Social para a construir, mas fomos impedidos pela Câmara”, contesta.