"Quentes e boas". "É tudo a cinco euros". "Venha ver menina". Os pregões ecoaram esta sexta-feira pela principal rua de Penafiel, que acolheu milhares de visitantes para celebrar o dia do padroeiro, o São Martinho, que dá nome à feira que termina no dia 20.
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Nem o tão afamado verão de São Martinho faltou à festa. O dia estava quente e convidou a um passeio pelo "maior centro comercial ao ar livre", com passagem obrigatória pela tenda colocada no Largo de Puços, onde decorre a prova do vinho novo e o cheiro das castanhas assadas atrai os visitantes a prová-las.
"Esta festa é muito bonita. É um convívio, viver as tradições antigas", disse ao JN António Álvaro, um emigrante no Luxemburgo, natural de Fafe, que juntamente com o irmão, emigrado em Paris, veio pela segunda vez à Feira de São Martinho. "Tirei dias de férias para vir aqui. Nós, os emigrantes, damos mais valor às coisas que acontecem no nosso país", garantiu.
No ano passado venderam-se 50 mil litros de vinho e dizem os entendidos que o deste ano "é de muita qualidade". "Está ótimo", atesta Marisa Silva, enquanto enchia a caneca de um visitante com o néctar da Adega Cooperativa de Penafiel, uma das quatro presentes no evento. "As pessoas têm dito que está muito bom", acrescentou Joaquim Moreira, à frente da Adega Cooperativa de Lousada, que costuma trazer 12 pipas de vinho, cerca de 6500 litros, para a feira.
De caneca na mão, Pinto Magalhães, que veio de Amarante com amigos, confirma. "O vinho está muito bom. Agora vamos provar as castanhas", assegurou, certo de que o sucesso desta festa, "a melhor que pode haver", se deve ao facto de ser "do povo e para o povo se divertir".
Gastronomia em destaque
Falar de São Martinho não é falar só de castanhas e vinho. É falar de gastronomia - com destaque para os rojões, iscas de bacalhau e papas de sarrabulho - e também falar das famosas Tortas de São Martinho, um produto agridoce que ao longo dos anos tem vindo a ser apreciado por cada vez mais visitantes. "Agora quase não aparecem aquelas pessoas que nunca comeram as Tortas de São Martinho. Quase todos já sabem o que é a Torta de São Martinho", explicou Maria José Melo, uma das mais antigas doceiras a confecionar a iguaria, um pastel de massa folhada, recheada com carne picada e polvilhada com açúcar e canela.
Este ano, o movimento "tem sido muito" e Maria José Melo espera vender cerca de 30 mil tortas. Trouxe também algumas variantes para a feira, caso das tortas de castanha e de chila. "E trouxe duas novidades. Duas tortas vegan, uma de cogumelos e outra de soja, que têm tido ótima aceitação".
Centro comercial ao ar livre
Diz a história que os visitantes do São Martinho, em Penafiel, aproveitavam a feira para se abastecer de roupas quentes para o inverno e tal continua a ser possível, devido aos cerca de 300 feirantes que compõem a feira, de 10 a 20 de novembro. Glória Ribeiro dos Santos tem 81 anos e vem de Moimenta da Beira há mais de 30 anos, vender meias de algodão, tricotadas por si. "Não se vende o que se quer, mas as pessoas vão comprando", contou a mulher que faz duas feiras por ano, uma em Penafiel e outra em Chaves. "Tem boa gente para aqui. Gosto muito desta feira", concluiu.